Thursday, February 07, 2013
Potencial construtivo: licença para piorar a cidade?
A realização da Copa do Mundo no Brasil, a princípio, parecia ser uma dádiva para o país, – não apenas, nem principalmente, pela promoção do evento em si e por seus aspectos esportivos, mas sobretudo pelo “legado” (palavra tão repetida) que a Copa deixaria, em forma de obras perenes para o bem de toda a população e não apenas dos amantes do futebol. Entretanto, até agora, pelo menos, não tem sido fácil vislumbrar algum legado para além dos estádios construídos principalmente com verbas públicas, alguns em lugares onde a quantidade e a qualidade dos jogos de futebol habituais não justificam tais obras caríssimas.
Em Curitiba, onde há futebol de qualidade e muitos apaixonados pelo esporte bretão, é difícil ao cidadão comum apontar, a cerca de um ano e meio da Copa, algum benefício de porte que o evento já tenha trazido ou venha a trazer em breve. A maior parte (quase tudo!) das obras e melhorias anunciadas continua no papel, e é difícil crer que algo significativo, algo que realmente mude a “cara” da cidade, ainda aconteça até a Copa. Esta a maior das decepções relacionadas ao Mundial no Brasil.
No caso da capital paranaense, no entanto, ainda se deve acrescentar à lista de desconfianças o imbróglio do financiamento das obras do estádio da Copa. A intrincada operação financeira montada para viabilizar a reforma e conclusão da arena do Clube Atlético Paranaense envolve aspectos nebulosos, como bem tem sido denunciado por esta Gazeta do Povo. O financiamento público de obra privada, que inclui (agravante enorme) até a desapropriação de casas particulares pelo Poder Público para entregá-las ao clube, é de envergonhar, mesmo diante da alegação do “benefício final” que a cidade supostamente terá com a vinda do evento esportivo. Ainda mais que, como já dito, tal benefício está longe de ser visto e sentido pela população, ao menos até o momento. Ademais, é espantoso ouvir a justificativa de que não importam os “meros” cem milhões de reais, aproximadamente, de dinheiro público usado em obra particular diante de supostos benefícios na casa do bilhão – argumento digno de Machiavel, para não dizer criminoso.
Um tema pouco destacado nessa história é uma questão que o “xadrez” financeiro trouxe à tona (ou seja, às luzes da mídia): os efeitos do potencial construtivo, mecanismo raramente comentado nos veículos de comunicação antes dos acontecimentos relacionados aos preparativos para a Copa. Como tem sido explicado pela imprensa, o potencial construtivo, concebido inicialmente para gerar recursos destinados ao financiamento de habitações de interesse social, é uma forma de arrecadação prevista pela Prefeitura que consiste na “venda” de uma licença para que os construtores possam levantar edificações com área maior do que a inicialmente autorizada na região onde será feita a obra.
Ora, parece então que a venda do potencial construtivo consiste em uma autorização para que os construtores piorem a qualidade de vida nos locais onde serão desrespeitados os limites impostos por uma lógica pré-estabelecida a partir de razões bem estudadas. Sim, pois, se a organização urbanística da cidade considera que em determinada região não se deve construir mais do que uma determinada área, a autorização para que essa área máxima seja extrapolada implica a criação de uma obra que destoará dos padrões estabelecidos como ideais para essa região. Ao menos, é o que parece dizer a lógica e o que um leitor habitual de jornal pode depreender das explicações publicadas. Esse “prejuízo” para uma região específica seria compensado com o investimento do valor arrecadado em obras de interesse público.
Como o potencial construtivo utilizado como garantia para as obras da Arena atinge um montante maior do que todo o utilizado em 2011, deduz-se que a construção do estádio com o uso desse mecanismo consiste na autorização para exceder as áreas ideias de edificação em muitas outras regiões da cidade, em benefício do estádio e seu entorno. A “compensação” seria então destinada a uma única obra, e particular.
Como atleticano, ficarei feliz em ver que o clube do qual sou sócio e o time do qual sou torcedor terão um belíssimo e supermoderno estádio. E como morador do Água Verde também me satisfaz a valorização do bairro por conta desta e de outras obras ligadas ao Mundial, como a reforma das calçadas. No entanto, é constrangedor pensar que esse benefício a um público específico e a determinada área da cidade surgirá em prejuízo de outras regiões da capital que provavelmente serão afetadas pela “autorização para piorar a cidade” em que pode consistir-se a venda de potencial construtivo em montante tão elevado.
Se este raciocínio tem alguma falha, visto não ter sido elaborado por um especialista no assunto, faltam na mídia esclarecimentos a respeito de tema tão importante para a vida da cidade, pois é isso que um cidadão curitibano comum pode deduzir a partir do que tem sido divulgado.
Tuesday, January 22, 2013
Lições de Jornalismo
Para não perder o
hábito, vamos lá: lições a partir da Gazeta do Povo (esportiva) de domingo
(20/01).
1) "Cenário que
para os paranistas endossa o status de um dos 'times a ser batido'."
Bem, aí está mais um
erro de concordância verbal. O verbo precisa concordar com o sujeito, regra básica da nossa língua no
nível formal. Então, o correto é: "um dos times a serem batidos".
2) "Após três
meses de preparação, onde o time enfrentou uma sequência de amistosos,
...."
Isso me dói nos
olhos e nos ouvidos. Por favor, aprendam de uma vez por todos: ONDE sempre se
refere a um LUGAR. Como "três meses de preparação" não é um lugar,
não cabe usar o onde aqui. "Três meses" é tempo. Portanto, o correto
seria usar "quando" e não onde. Ou então, "durante os
quais".
3) Agora, uma lição
de bom jornalismo: a reportagem "Terra estéril", de Leonardo Mendes
Júnior, sobre a situação do futebol no Norte Pioneiro do Paraná. Numa época em
que as pautas factuais sobre futebol estão raras, com os campeonatos estaduais
apenas começando, uma reportagem desse gênero cai muito bem. E não só nessas
épocas: com a concorrência do imediatismo de outros veículos, uma das alternativas
para o jornal impresso é buscar esse tipo de material, diferente, exclusivo,
mais aprofundado. Muito boa a entrevista com o Serafim Meneghel. E o texto
sobre o De Sordi é um belo exemplo de texto bem trabalhado, de um jornalismo
longe do factual e mais literário, que tem informações relevantes, mas se
destaca sobretudo pela qualidade da redação. Pus o link para a matéria AQUI. Na
versão impressa, o título é de revista: apenas "Terra estéril".
4) Por fim, um apelo
aos colegas de rádio e TV: por favor, não maltratem ouvidos francófilos (como
os meus) chamando a torre Eiffel de "Êifel". A sílaba tônica é a
última (aberta), não a primeira (fechada).
Monday, January 21, 2013
Amor x razão...
Por que às vezes o
amor parece tão irracional? Simples: a razão é limitada, mas não a paixão. Há
muitas coisas que os limites da nossa inteligência não conseguem abarcar. O
amor, entretanto, não tem limites. Por isso, transcende a razão. Não há quem
não tenha conhecido um ato de amor irracional. Da mãe que se imola para
proteger o filho. Do pai que faz loucuras pela prole. Do coração apaixonado que
se anula pelo bem de quem ama... Nossa complexa natureza comporta um cérebro
estreito e um largo coração!
Na Gazeta do Povo (esportiva) de hoje...
CUIDADO COM AS METÁFORAS...
É preciso ter cuidado para utilizar metáforas no texto. Podem
sair coisas muito engraçadas. Como esta: "... o Tricolor quebrou esse
indigesto jejum..." Dei muita risada ao ler! Um "jejum
indigesto"? Só rindo mesmo!
Outra: "O pênalti muito mal batido [...] coroou uma tarde
em que nada deu certo para o atacante." Quem quer essa coroa do reino da
desgraça? Rsrsrsrsrsrs....
DE NOVO, A CONCORDÂNCIA VERBAL
E continuam a aparecer os problemas de concordância verbal. É
bom repetir: pela regras da Língua Portuguesa formal, o verbo deve concordar
com o sujeito. Não foi o que aconteceu mas frases seguintes: "As polêmicas
e trocas de notas oficiais no ano passado deixaram várias arestas a ser [SEREM]
aparadas pelos cartolas." "Ao proibir os jogadores e a comissão técnica
de falar [FALAREM] antes, durante e após o jogo..."
Sunday, January 20, 2013
Afonso Pena: aeroporto "internacional"?
Êta, província...
Olha só o título de extensa matéria da Gazeta do Povo de ontem, sexta-feira:
"Na contramão do país, Afonso Pena tem queda de passageiros".
Nosso glorioso
Aeroporto Internacional Afonso Pena (que título pomposo!), em vez de crescer,
diminui... As reforminhas (insuficientes) previstas para a Copa vão a passo de
tartaruga - e ainda não incluem a imprescindível terceira pista.
Sabe quantos voos
internacionais diretos tem o Afonso Pena? Apena UM! Sim, isso mesmo, nosso
aeroporto internacional tem um único voo internacional direto, da Gol, para
Buenos Aires.
Para nomear
adequadamente nosso aeroporto, deveríamos chamá-lo de Aeroporto
Internacional-com-escala-em-Cu mbica Afonso-Pena...
A sutil opinião...
A coluna "Notas
Políticas" da Gazeta, cuja responsável é Caroline Olinda, mas que está
sendo feita interinamente pelo ótimoRogerio Galindo, publicou na sexta-feira a seguinte nota:
O ministro do STF
Ricardo Lewandowski recebeu um “voto de solidariedade” da Faculdade de Direito
da Universidade de São Paulo (USP) pela “dedicação, independência e
imparcialidade” que teria demonstrado na corte. Lewandowski é professor titular da faculdade e teve sua atuação
no STF em evidência em 2012 como revisor da ação penal do mensalão, a maior já
julgada pelo tribunal. Ao contrário de Joaquim Barbosa, relator do processo,
que foi rigoroso com os réus, Lewandowski pediu a absolvição de vários acusados
que acabaram condenados.
OK, normal, é uma
nota informativa. É o título que lhe dá um sabor diferente. A opinião está no
título. São essas sutilezas do jornalismo que o fazem tão interessante! Esse
tipo de coluna, na classificação de Marques de Melo, é "mista", ou
seja, informativa e opinativa, pois mescla textos estritamente informativos com
pílulas de opinião.
Ah, o título! Ei-lo:
"Alguém gostou". Que tal?
As dívidas da Prefeitura de Curitiba e o "argumento" de Ducci
Nosso querido
ex-prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, pelo visto, gosta de uma piadinha, né? Gustavo Fruet noticiou que assumiu a prefeitura com R$ 330 milhões de dívidas.
A cada pedaço da
dívida que é divulgado, como aconteceu com a coleta de lixo (pagamento atrasado
há seis meses!), Ducci responde: "Bastam 15 dias de arrecadação para
cobrir essa dívida".
Tá bom. Então, é só
o Fruet cruzar os braços e ficar esperando15 dias, depois mais 30, depois mais 60... e assim por
diante, até a arrecadação cobrir todos os R$ 330 milhões?
Fazendo as contas
com base no "argumento" de Ducci para a dívida do lixo, é só Fruet
esperar 361 dias de arrecadação que todas as dívidas serão pagas...
Rir ou chorar? O
mais incrível é ter que ouvir essa espécie de "argumento" de quem já
foi prefeito da capital paranaense.
É claro que um
prefeito não deve deixar dívidas de sua gestão para a gestão seguinte. Mas este
é o problema da reeleição: o prefeito candidato se endivida para fazer obras
que o ajudem na reeleição - mas, se não é reeleito, quem paga a dívida é o
prefeito seguinte.
Emprego do "e" em enumerações
Lição de redação de
hoje, a partir de uma frase da Gazeta do Povo:
"Para evitar o
colapso, ainda no ano passado, as empresas começaram a reduzir a oferta de
assentos, rotas e a demitir funcionários."
Percebem o erro?
Tenho visto esse problema em muitos textos. Não há razão para
"economizar" o "e" quando ele se faz necessário. São
enumerações diferentes - ambas exigem o "e".
Dissecando...
Primeira enumeração: ...começaram a: 1) reduzir a oferta; 2) demitir. Segunda
enumeração: ... reduzir a oferta de: 1) assentos; 2) rotas.
Portanto, a frase
deveria ser escrita assim: "... as empresas começaram a reduzir a oferta
de assentos e rotas e a demitir funcionários."
Entendido?
Declaração infeliz...
Uma incrível
declaração de Leopoldo Jorge Alves Neto, um dos líderes da juventude do PT que
participou do já célebre jantar (frango com polenta) para arrecadação de
dinheiro destinado a pagar as multas dos condenados no processo do Mensalão:
"O projeto do partido é que foi julgado. Então a gente achou importante ajudar os
companheiros."
É mesmo, senhor
Alves Neto? Então, os ministros do STF não julgaram crimes de corrupção, mas o
projeto do partido? Nesse caso, compra de votos de deputados faz parte do
projeto do partido?
Francamente...
VIOLÊNCIA E VINGANÇA, A ESTUPIDEZ...
Dia desses, vi na TV
o filme "O Reino". Sinopse: uma colônia de trabalhadores americanos
na Arábia Saudita sofre um ataque terrorista que mata 100 pessoas, entre elas
um agente do FBI. Uma equipe de agentes especiais vai dos EUA até lá para
investigar. Descobrem o líder terrorista idealizador do atentado, encontram-no
e o matam.
Nada de excepcional.
Entretanto, o final do filme chama a
atenção e faz com que ele seja diferente de tantos outros parecidos. No início
do filme, o chefe dos agentes anuncia a morte dos americanos, entre eles o
homem do FBI. Uma mulher (que tinha algum relacionamento especial com o morto)
começa a chorar, O chefe da missão se aproxima dela e diz alguma coisa no seu
ouvido para consolá-la. Já quase no final, após os americanos atingirem o líder
terrorista (que estava num apartamento com sua família), sua neta se aproxima e
ele cochicha algo no seu ouvido antes de morrer.
O desfecho do filme
alterna duas sequências, uma nos EUA e outra na Arábia. Alguém pergunta ao
agente chefe da missão o que ele havia cochichado no ouvido da mulher (lá no
início do filme) para consolá-la. Na Arábia, alguém pergunta à neta do
terrorista o que ele lhe disse antes de morrer. As respostas são idênticas:
"Disse que não se/me preocupasse, porque nós iríamos matar todos os
responsáveis por isso".
Essa é a estupidez
da guerra, que a faz interminável. Não interessam as razões do outro lado, o
inimigo deve ser destruído - ele é o "errado", nós somos os
"certos". E isso simplesmente não se discute.
Essa visão
maniqueísta perpetua a violência, em todos os níveis. Por isso, achei
lamentável aquela manifestação supostamente anti-homofóbica feita na PUCSP que
incitava o ódio ao papa e simulava sua decapitação. É sempre ódio contra ódio,
não importam as razões. Os que odeiam tornam-se odiáveis. Qualquer diálogo é
impossível. E nenhum lado percebe que a incitação do ódio alimenta as
"razões" do inimigo. E, assim, a guerra não tem fim.
Título confuso!
É pra rir ou pra
chorar?
Olha só o título de
uma notícia do Yahoo:
"Após morte,
Zezé Polessa é denunciada"
O Estado não deve tutelar a moral individual
Fico enojado com
notícias como a deste link (aqui). A meu ver, tem o ranço mais obscurantista
possível. Não cabe ao Estado tutelar a moral individual. Quem acredita que
livros presentes nas livrarias atentam contra crianças e adolescentes? Ridículo.
Tenho horror à
censura. Se uma criança ou adolescente estiver sozinha, sem seus pais ou
responsáveis, e entrar em uma livraria para matar a curiosidade de folhear o
tal "50 tons de cinza", então, aí estaria pelo menos uma coisa boa
que esse livro (que, ao que tudo indica, é de baixíssima qualidade literária)
terá feito!
Nenhum criança
ficará moral ou mentalmente prejudicada por folhear em público um livro em uma
livraria. Felizmente, não estamos no tempo nem no lugar em que
"iluminados" que se julgavam donos da moral e da verdade promoviam
fogueiras públicas de livros "imorais". Mas, tristemente, de tempos
em tempos ressurge, cá e lá, um ou outro retrógrado ávido por publicar seu
"index librorum prohibitorum".
Ó horror, ó infâmia,
ó ignorância. Uma sociedade de censura, na qual o Estado julga ter o papel de
tutelar a moral individual, está podre. Um horror!
Mais erros em jornal
Foi só o governo
anunciar (para minha decepção) a prorrogação para a entrada oficial em vigor da
nova ortografia que a nossa querida Gazeta já começou a deixar de lado as novas
regras de uso do hífen. Na mesma página da edição de 16/01 (p. 24 - Mundo), há
dois títulos com problemas:
"Estado de Nova
York aprova leis anti-armas"
"Mega-engavetamento"
Pelas
"novas" regras, não se deve utilizar o hífen nesses casos.
Como entender a diretoria do CAP?
Estupidez. Não vejo
como classificar de outra forma a atitude dos dirigentes do Atletico Paranaense
em não aceitar a verba de 1,1 milhão oferecida pela TV para transmissão dos
jogos do time no Campeonato Paranaense.
Se fosse parte de um
movimento organizado dos clubes, tudo bem. Mas a atitude isolada não traz
NENHUM benefício para o clube. A TV não vai aumentar as verbas por isso.
Consequências:torcedores frustrados e
furiosos porque não poderão ver os jogos do time, diminuição no número de
torcedores, pouca divulgação do time no interior, descontentamento de
patrocinadores que não terão suas marcas expostas na TV.
Será que os
dirigentes têm medo antecipado do possível fiasco do time tri-vice no
Paranaense? Time que subiu para a série A nacional a duras penas, conseguindo a
penúltima vaga, na último rodada, no sufoco! E que até hoje não tem NENHUM
REFORÇO.
R$ 1,1 milhão
poderia garantir pelo menos um reforço razoável... Equivale a 1.309 sócios
pagando mensalidade integral durante um ano!
Onde essa diretoria
arrogante está com a cabeça? Acham que o time trivice e recém-saído da série B
vale mais do que os outros? Com base em quê?
"Orientação" sexual e não "opção"
Mexendo em arquivos antigos,
achei este texto (Gazeta do Povo, 29/03/2011, Vida Pública – Coluna de
Reinaldo Bessa):
“O que nos preocupa
é o incentivo à escolha sexual da criança ainda em fase de crescimento.” Da
deputada Mara Lima, evangélica, que ontem protestou na Assembleia contra a
distribuição nas escolas de kits do Ministério da Educação condenando a
homofobia.
É muita ignorância
da deputada, não? Falar em
"escolha sexual"... É o problema de muita gente que pretende debater
temas que não conhece, com base apenas nos seus pré-conceitos, gerando debates
desqualificados. Não existe "escolha sexual". Pergunte a um
heterossexual quando ele "escolheu" ser hetero - ele provavelmente
vai rir e dizer que nunca precisou escolher. Não é uma questão de "escolha".
Ou a pessoa é homossexual ou não é, não escolhe, assim como acontece com os
heterossexuais.
Ah, essas sinopses...
Humm... Deve ser difícil escrever sinopses de filme, né? Olha
só a sinopse de "Intocáveis" que tem saído na Gazeta:
"Um rico aristocrata que vive em uma mansão em Paris
fica tetraplégico em um acidente e contrata um jovem para auxiliá-lo. Os dois
acabam tornando-se grandes amigos e EMBARCAM NUMA GRANDE AVENTURA."
O destaque é meu. Não me lembro de eles terem "embarcado
numa grande aventura" no filme. Mas certamente me lembro de ter visto essa
mesma frase em outras quinhentas sinopses...
Sunday, January 06, 2013
Jornalismo: discurso em terceira pessoa
Aproveito um trecho da Gazeta do Povo de hoje (06/01) para dar uma dica sobre redação jornalística.
Segue o trecho:
Segue o trecho:
Nesta semana, o dirigente declarou, em entrevista à rádio Banda B, que "ainda não fomos atrás de contratações, estamos esperando a reapresentação do elenco e analisando a questão dos jogadores que estão acabando seus contratos. Depois disso, vamos em busca de reforços."
Há no trecho uma mistura indevida de discursos em terceira pessoa (a voz do jornalista) e primeira pessoa (a do entrevistado). O narrador jornalista escreve em terceira pessoa. Não deve emendar ao seu discurso o discurso em primeira pessoa do entrevistado. É preciso "passar a palavra" ao entrevistado, utilizando, por exemplo, os dois pontos - assim, faz-se a transição adequada dos discursos. Deveria ficar assim:Nesta semana, o dirigente declarou, em entrevista à rádio Banda B: "Ainda não fomos atrás de contratações, estamos esperando a reapresentação do elenco e analisando a questão dos jogadores que estão acabando seus contratos. Depois disso, vamos em busca de reforços."
Outra solução seria relatar o discurso do entrevistado em terceira pessoa. Como no exemplo que segue.
Nesta semana, Lopes declarou, em entrevista à rádio Banda B, que os dirigentes ainda não foram atrás de contratações, pois estão esperando a reapresentação do elenco e analisando a situação dos jogadores cujos contratos estão se encerrando. "Depois disso, vamos em busca de reforços", afirmou.
Espero ter conseguido ser claro. Futuramente, comentarei outra questão ligada a isso: o excesso de citações entre aspas que tem campeado nos jornais.
Trecho ininteligível da Agência Estado
Trecho de matéria publicada sábado na Gazeta (despacho da Agência Estado), sobre a divisão do Fundo de Participação dos Estados:
"A transferência do FPE é feita, desde 1989, da seguinte forma: 85% do total é repassado aos governos do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, e o restante para os estados do Sul e Sudeste. Em seguida, a maior parte desse dinheiro (95%) é distribuída conforme o produto da divisão do tamanho da população pelo inverso da renda per capita, e o restante (5%) segue o tamanho territorial do estado."
Entendeu? Eu não. Pode me explicar?
"A transferência do FPE é feita, desde 1989, da seguinte forma: 85% do total é repassado aos governos do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, e o restante para os estados do Sul e Sudeste. Em seguida, a maior parte desse dinheiro (95%) é distribuída conforme o produto da divisão do tamanho da população pelo inverso da renda per capita, e o restante (5%) segue o tamanho territorial do estado."
Entendeu? Eu não. Pode me explicar?
Erros de concordância
Na Gazeta do Povo de sexta-feira passada:
Capa: "58,9% dos eleitores de Curitiba ouvidos PELO Paraná Pesquisas souberam citar o nome do vereador no qual VOTOU em outubro de 2012."
Vida e Cidadania, p. 4: "A ampliação teve início em outubro de 2010 e ESTÃO SENDO FEITAS em etapas."
Deve ser efeito da ressaca das festividades de fim de ano...
Capa: "58,9% dos eleitores de Curitiba ouvidos PELO Paraná Pesquisas souberam citar o nome do vereador no qual VOTOU em outubro de 2012."
Vida e Cidadania, p. 4: "A ampliação teve início em outubro de 2010 e ESTÃO SENDO FEITAS em etapas."
Deve ser efeito da ressaca das festividades de fim de ano...
Mais considerações sobre Língua Portuguesa
Mais algumas considerações sobre Língua Portuguesa a partir do nosso instrumento diário, a Gazeta do Povo.
Já escrevi aqui que a flexão do infinitivo é tema dos mais complexos da nossa língua - mas ele deve, em regra, ser flexionado para concordar com o sujeito.
Vejamos a chamada na capa da Gazeta para o artigo de Carlos Ramalhete: "Multidões de analfabetos funcionais lotam os bancos universitários e ganham seus canudos sem nunca ter lido um livro inteiro."
Fui conferir no artigo. Lá, está certo: "... sem nunca terem lido ...". No mínimo, curioso que na chamada tenham incluído o erro que não existe no artigo...
No mesmo artigo, um "erro" de regência que logo não será mais "erro", porque o uso já o está consagrando: "... após um processo judicial que implica em pilhas enormes de papel..." Esse "em" não deveria estar aí. Mas quase ninguém mais percebe, não é? Na fala cotidiana, a grandíssima maiorias das muito poucas pessoas que utilizam o verbo "implicar" o fazem com o "em" - que só caberia em determinadas construções, como: "O deputado foi implicado no crime".
Na Gazeta Esportiva, encontra-se a frase: "A moeda imobiliária é o crédito virtual concedido pelo poder público municipal para se construir imóveis de tamanho acima do estabelecido pela legislação municipal". Acho que todo mundo se lembra da regra: "... para se construírem imóveis ..."
Já escrevi aqui que a flexão do infinitivo é tema dos mais complexos da nossa língua - mas ele deve, em regra, ser flexionado para concordar com o sujeito.
Vejamos a chamada na capa da Gazeta para o artigo de Carlos Ramalhete: "Multidões de analfabetos funcionais lotam os bancos universitários e ganham seus canudos sem nunca ter lido um livro inteiro."
Fui conferir no artigo. Lá, está certo: "... sem nunca terem lido ...". No mínimo, curioso que na chamada tenham incluído o erro que não existe no artigo...
No mesmo artigo, um "erro" de regência que logo não será mais "erro", porque o uso já o está consagrando: "... após um processo judicial que implica em pilhas enormes de papel..." Esse "em" não deveria estar aí. Mas quase ninguém mais percebe, não é? Na fala cotidiana, a grandíssima maiorias das muito poucas pessoas que utilizam o verbo "implicar" o fazem com o "em" - que só caberia em determinadas construções, como: "O deputado foi implicado no crime".
Na Gazeta Esportiva, encontra-se a frase: "A moeda imobiliária é o crédito virtual concedido pelo poder público municipal para se construir imóveis de tamanho acima do estabelecido pela legislação municipal". Acho que todo mundo se lembra da regra: "... para se construírem imóveis ..."
Thursday, December 27, 2012
O "plantão de domingo" no jornal...
Ser jornalista é muito bom. É uma profissão bacana. Mas tem suas agruras. Uma delas é o plantão em domingos e feriados: jornalista caçando notícias em época em que as importantes são raras, enquanto todo mundo descansa ou se diverte. Imagine então plantão de domingo antevéspera de Natal! Um horror!
Quem foi escalado para ficar o domingo no jornal, sei disso, quer mais é fechar tudo logo e ir para casa. Fica apenas o último dos moicanos até dar a hora final, aguardando para o caso de acontecer algo inesperado.
O resultado pode ser visto na edição de 24/12 da Gazeta. Quase só notícias de agências. Manchete com matéria fria. E alguns textos feitos na correria. Aí, saem coisas como as que seguem.
Paulistas que vieram para Curitiba viraram "imigrantes" (inclusive na capa). "Após o acidente, o sistema de som da Cassol Centerlar anunciou o acidente". E a matéria "Federação lidera 'mensalinho'" é a campeã de errinhos do dia - não erros de informação, mas de digitação, ortografia, vírgulas, nada grave, errinhos típicos de redação feita com pressa.
Quem já fez muito plantão de domingo, como eu, há de entender e ser condescendente...
Quem foi escalado para ficar o domingo no jornal, sei disso, quer mais é fechar tudo logo e ir para casa. Fica apenas o último dos moicanos até dar a hora final, aguardando para o caso de acontecer algo inesperado.
O resultado pode ser visto na edição de 24/12 da Gazeta. Quase só notícias de agências. Manchete com matéria fria. E alguns textos feitos na correria. Aí, saem coisas como as que seguem.
Paulistas que vieram para Curitiba viraram "imigrantes" (inclusive na capa). "Após o acidente, o sistema de som da Cassol Centerlar anunciou o acidente". E a matéria "Federação lidera 'mensalinho'" é a campeã de errinhos do dia - não erros de informação, mas de digitação, ortografia, vírgulas, nada grave, errinhos típicos de redação feita com pressa.
Quem já fez muito plantão de domingo, como eu, há de entender e ser condescendente...
Natal
Independentemente de religião...
Esse homem cujo aniversário se comemora dia 25/12 (ainda que não se saiba a data exata de seu nascimento) merece a comemoração. Quem ousaria dizer coisas como: "Ama teu inimigo" - "Se te baterem na direita, oferece a esquerda" - "Ama ao próximo como a ti mesmo" - "Se te tirarem a capa, dá também a túnica"... E tantas outras coisas espantosas e verdadeiramente revolucionárias?!
Ainda que não se creia na sua existência histórica (creio, mas tenho aqui muitos amigos ateus, agnósticos e não cristãos), não há como negar o enorme papel dessa figura única. E que, muito provavelmente, se esses ensinamentos fossem seguidos em sua simplicidade, o mundo seria bem melhor.
Tive meus tempos de praticante fervoroso (muitos diriam fanático) de uma religião. Hoje, embora responda que sou católico quando me perguntam, sou um tanto avesso às religiões institucionalizadas. Mas tenho minha fé. E minhas muitas dúvidas, inclusive em relação a alguns fatos ligados à vida de Cristo. Mas não deixo de admirar e me espantar com a figura divina de Cristo.
Esse homem cujo aniversário se comemora dia 25/12 (ainda que não se saiba a data exata de seu nascimento) merece a comemoração. Quem ousaria dizer coisas como: "Ama teu inimigo" - "Se te baterem na direita, oferece a esquerda" - "Ama ao próximo como a ti mesmo" - "Se te tirarem a capa, dá também a túnica"... E tantas outras coisas espantosas e verdadeiramente revolucionárias?!
Ainda que não se creia na sua existência histórica (creio, mas tenho aqui muitos amigos ateus, agnósticos e não cristãos), não há como negar o enorme papel dessa figura única. E que, muito provavelmente, se esses ensinamentos fossem seguidos em sua simplicidade, o mundo seria bem melhor.
Tive meus tempos de praticante fervoroso (muitos diriam fanático) de uma religião. Hoje, embora responda que sou católico quando me perguntam, sou um tanto avesso às religiões institucionalizadas. Mas tenho minha fé. E minhas muitas dúvidas, inclusive em relação a alguns fatos ligados à vida de Cristo. Mas não deixo de admirar e me espantar com a figura divina de Cristo.
Feliz Ano Novo!
Difícil uma mensagem de Ano Novo melhor do que a clássica do Drummond. Então, lá vai ela, com o desejo de um 2013 MARAVILHOSO para todos os meus amigos!
RECEITA DE ANO NOVO
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo. Eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade
RECEITA DE ANO NOVO
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo. Eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade
CONFISSÃO
Já fui homem de pensamento único. Já acreditei que eu tinha a verdade e que minha missão era dar a conhecê-la aos outros.
Depois de muitos anos, consegui perguntar-me por que minha verdade era melhor que a dos outros. Percebi que os defensores de uma "verdade" diferente da minha eram exatamente iguais a mim, só que com outra "verdade".
Hoje, prefiro a dúvida que incomoda à certeza que imobiliza. São as dúvidas que me impulsionam e me levam adiante. Que me dão o gosto da vida - como o alpinista que se compraz em subir a montanha porque sabe que pode cair (caso contrário, não teria graça).
Se alguém me apresenta alguma "verdade", penso nela, analiso, procuro ver o que tem de bom. Se esse alguém se agarra a essa "verdade" como a única possível, a salvação da humanidade, tenho pena. Passo adiante. Por que há incontáveis pessoas cheias dessas "verdades" salvadoras, tão diferentes umas das outras, e com defensores tão igualmente convictos de suas verdades!
Prefiro não procurar sofregamente a verdade, mas buscar o amor, a compaixão, a compreensão, a fraternidade. E não almejo a perfeição das "cartilhas" pré-escritas, iguais para todos. Prefiro a imperfeição da humanidade, com seus erros e "pecados", mas sempre aberta a novas possibilidades.
Muitas vezes, há mais vida no colo da prostituta que no regaço da esposa; visão mais clara no fundo da garrafa do que na abstinência ascética; mais lucidez na loucura do que na sensatez acomodada.
Depois de muitos anos, consegui perguntar-me por que minha verdade era melhor que a dos outros. Percebi que os defensores de uma "verdade" diferente da minha eram exatamente iguais a mim, só que com outra "verdade".
Hoje, prefiro a dúvida que incomoda à certeza que imobiliza. São as dúvidas que me impulsionam e me levam adiante. Que me dão o gosto da vida - como o alpinista que se compraz em subir a montanha porque sabe que pode cair (caso contrário, não teria graça).
Se alguém me apresenta alguma "verdade", penso nela, analiso, procuro ver o que tem de bom. Se esse alguém se agarra a essa "verdade" como a única possível, a salvação da humanidade, tenho pena. Passo adiante. Por que há incontáveis pessoas cheias dessas "verdades" salvadoras, tão diferentes umas das outras, e com defensores tão igualmente convictos de suas verdades!
Prefiro não procurar sofregamente a verdade, mas buscar o amor, a compaixão, a compreensão, a fraternidade. E não almejo a perfeição das "cartilhas" pré-escritas, iguais para todos. Prefiro a imperfeição da humanidade, com seus erros e "pecados", mas sempre aberta a novas possibilidades.
Muitas vezes, há mais vida no colo da prostituta que no regaço da esposa; visão mais clara no fundo da garrafa do que na abstinência ascética; mais lucidez na loucura do que na sensatez acomodada.
Saturday, December 22, 2012
Algumas lições a partir de textos da Gazeta do Povo desta semana
1) “O STF deve lembrar de Adauto Lúcio Cardoso”
O verbo “lembrar” é
transitivo direto. O verbo “lembrar-se” é transitivo indireto.
Portanto, a frase
correta deveria ter “... lembrar Adauto ...” ou “... lembrar-se de Adauto ...”
2) “Gustavo Fruet
disse [...] que ‘não se auditou 5%
dos dados que chegaram à CPI’.”
Erro de
concordância. O correto: “... não se auditaram 5% dos dados ...”
3) “... Benjamin
corta uma mexa do cabelo do
religioso ...”
Erro de ortografia: “mecha
do cabelo” é o correto.
4) “Essas emendas,
além de garantir maior contrapartida
...”
A flexão do
infinitivo é dos temas mais complexos da língua portuguesa. Mas, neste caso,
precisam concordar com o sujeito: garantirem.
5) “Por fim, o que lhe motiva a participar de uma corrida
como as 500 milhas de kart”
Este erro de
regência está se tornando tão comum que logo deve ser “incorporado” ao padrão
da língua, tornando norma o que o uso vem consagrando. O correto seria “... o
que o motiva ...”.
6) “A crença de que
a localização da cidade pode protegê-la do apocalipse fez as vendas de terrenos
explodir este ano.”
Mesma questão do
item 4: o infinitivo deve ser flexionado para concordar com o sujeito: “... fez
as vendas de terrenos explodirem ...”
Além disso, deve-se
escrever “neste ano” e não “este ano”. A preposição é obrigatória
e, mesmo que não fosse, seria necessária para evitar a ambiguidade (foram as
vendas que explodiram, não o ano).
Saturday, December 15, 2012
Lições a partir da Gazeta do Povo (esportiva) de hoje
1) "ONDE" só deve ser usado quando se referir a um LUGAR. Cansei de ver esse erro, tanto que já estou quase desistindo... A língua é dinâmica, não é? E já estão mudando o sentido de "onde". Enfim, vou resistir enquanto puder. A frase da Gazeta: "Os 2 melhores de cada chave foram para as semifinais, de onde Bairro Alto e Iguaçu saíram vitoriosos". O correto seria: "Os dois [por extenso, em respeito ao padrão de redação jornalística e às normas da ABNT] melhores ... foram para as semifinais, das quais [já que "semifinais" não é um lugar] Bairro Alto..."
2) O segundo caso envolve uma questão ética e, portanto, mais importante e delicada. Matéria sobre o "Barcelona Camp" explica: "Durante uma semana, esses garotos - 40 deles de famílias de baixa renda, beneficiados por bolsas integrais oferecidas pela empresa organizadora do evento - trabalharam como se fossem atletas-mirins do clube catalão". E a matéria não informa qual é a empresa. Isso é sem-vergonhice, falta de ética, sonegação de informação para o leitor. Se o fato merece ser mencionado, se a empresa faz algo digno de se tornar notícia (tanto que o jornal publica), por que seu nome é sonegado? Lamentável...
2) O segundo caso envolve uma questão ética e, portanto, mais importante e delicada. Matéria sobre o "Barcelona Camp" explica: "Durante uma semana, esses garotos - 40 deles de famílias de baixa renda, beneficiados por bolsas integrais oferecidas pela empresa organizadora do evento - trabalharam como se fossem atletas-mirins do clube catalão". E a matéria não informa qual é a empresa. Isso é sem-vergonhice, falta de ética, sonegação de informação para o leitor. Se o fato merece ser mencionado, se a empresa faz algo digno de se tornar notícia (tanto que o jornal publica), por que seu nome é sonegado? Lamentável...
Wednesday, December 12, 2012
Deslizes jornalísticos...
Mais alguns deslizes extraídos da nossa querida Gazeta do Povo.
Caso 1
Quando um jornalista entrevista alguém que faz referência a uma data que pode não ser compreendida adequadamente pelo leitor de um jornal impresso (que será publicado no dia seguinte - o jornal impresso só tem notícias "velhas"), costuma esclarecer entre colchetes a que dia o entrevistado se referiu.
Por exemplo: o jornalista entrevista o técnico do Corinthians na véspera do jogo, e Tite diz: "Estamos preparados para o jogo de amanhã". Quando o jornal for publicado, o "amanhã" já será "hoje", pois o jornal sai sempre no dia seguinte. Então, se reproduzir a frase entre aspas, o jornalista poderá escrevê-la assim: "Estamos preparados para o jogo de amanhã [hoje]".Até aí, tudo bem. Mas, atenção, senhores jornalistas: se a fala do entrevistado não se prestar a qualquer confusão, não é preciso essa intervenção entre colchetes! Olha só o que achei na Gazeta de 25/11 (esportiva, p. 5): "Segunda-feira [amanhã] começaremos a trazer novidades para vocês". Ora, se o entrevistado disse "segunda-feira", não é preciso qualquer esclarecimento do jornalista, porque o leitor sabe que dia é segunda-feira...Mas o pior de tudo é que o jornal era de domingo (25/11 foi efetivamente um domingo), mas a data anunciada no alto da página era: "Sábado, 25 de novembro de 2012"! Vai ver que foi por isso que o repórter se perdeu...
Caso 2
Esta é inusitada: uma matéria factual com título de artigo. Foi na Gazeta do Povo de sexta-feira, 23/11/12 (Vida e Cidadania, p. 9). A matéria informava que "Um protesto de funcionários da Copel que bloqueou uma rua ontem de manhã, em Curitiba, terminou em confusão com a Polícia Militar" - um lide normal. Mas...
E o título? Ei-lo: "Protesto deve respeitar o direito do próximo"!
Será que estamos voltando explicitamente ao jornalismo publicista de séculos passados? Ou será que o editor esqueceu as lições básicas sobre titulação de matéria factual? Ou quis mesmo expressar opinião explicitamente?
Saturday, December 08, 2012
Apontamentos sobre redação jornalística
Aproveitando a Gazeta de ontem para uma aulinha de Redação Jornalística/Língua Portuguesa:
1) Observemos a frase: "...desabafa o atleta, que trocou de academia, de treinador e agora é responsável pela própria carreira." Tenho visto com frequência esse tipo de construção, no qual falta um "e". Não sei por que, parece que muita gente acha errado colocar mais de um "e" numa frase. Nesse caso, o "e"
1) Observemos a frase: "...desabafa o atleta, que trocou de academia, de treinador e agora é responsável pela própria carreira." Tenho visto com frequência esse tipo de construção, no qual falta um "e". Não sei por que, parece que muita gente acha errado colocar mais de um "e" numa frase. Nesse caso, o "e"
está faltando. São duas orações com verbos diferentes: 1) "o atleta trocou de academia e de treinador"; 2) "o atleta... agora é responsável pela própria carreira". A construção correta é: "...desabafa o atleta, que trocou de academia e de treinador e agora é responsável pela própria carreira."
2) Na mesma página 4 da Gazeta esportiva de 07/12, está a seguinte frase: "Tal eficiência, daqui a pouco mais de 72 horas, será apenas história...." Aqui, trata-se de uma falha de redação jornalística. Ao contrário do rádio ou da televisão, um veículo impresso não tem uma hora definida de transmissão. Portanto, não admite esse tipo de construção. No mesmo dia da edição do jornal, o leitor pode ler a matéria às 7h da manhã, antes de ir trabalhar, ou às 23h, depois de chegar da aula, por exemplo. Há uma grande diferença. Por isso, um texto de jornal impresso não pode conter informação desse tipo ("dentro de algumas horas"). Seria melhor escrever, por exemplo: "Tal eficiência, já na segunda-feira, será apenas história."
2) Na mesma página 4 da Gazeta esportiva de 07/12, está a seguinte frase: "Tal eficiência, daqui a pouco mais de 72 horas, será apenas história...." Aqui, trata-se de uma falha de redação jornalística. Ao contrário do rádio ou da televisão, um veículo impresso não tem uma hora definida de transmissão. Portanto, não admite esse tipo de construção. No mesmo dia da edição do jornal, o leitor pode ler a matéria às 7h da manhã, antes de ir trabalhar, ou às 23h, depois de chegar da aula, por exemplo. Há uma grande diferença. Por isso, um texto de jornal impresso não pode conter informação desse tipo ("dentro de algumas horas"). Seria melhor escrever, por exemplo: "Tal eficiência, já na segunda-feira, será apenas história."
Wednesday, November 28, 2012
Resultado do Portugal Telecom
Saiu ontem o resultado do Prêmio Portugal Telecom. Dalton Trevisan foi premiado na categoria conto com "O anão e a ninfeta". Não gostei. Não por que não aprecie a obra do vampiro, embora ache que alguns livros dele só se baseiam no nome ("Pico na veia", p. ex., achei patético). Não li o livro premiado. Será que não é "mais do mesmo"? Mas não gostei da premiação porque estava torcendo pelo João Carrascoza, com seu sensacional "Amores mínimos". Carrascoza é dos poucos autores brasileiros capazes de me emocionar de verdade. Seus contos mostram uma compreensão profunda da alma humana. A quem ainda não leu "Amores mínimos", recomendo que leia. Imperdível.
Sonegar/alterar informação é falta de ética
A CBN, para minha decepção, aderiu ao mercenarismo da Globo, que boicota os times de vôlei brasileiros de ponta. A Globo (e agora a CBN) não chama os times pelos seus nomes, mas pelos nomes das cidades-sede. Ontem, o jogo entre Unilever e Amil se transformou em "Rio x Campinas". No dia em que uma cidade tiver dois times, vão chamá-los como? Pelo nome do bairro?
Um nojo, dá vontade de vomitar. Jornalista que faz isso não tem vergonha na cara. Sonegar informação básica, alterar a informação, é canalhice, falta contra os preceitos éticos básicos da profissão.
Um nojo, dá vontade de vomitar. Jornalista que faz isso não tem vergonha na cara. Sonegar informação básica, alterar a informação, é canalhice, falta contra os preceitos éticos básicos da profissão.
Mancadas no rádio
Rádio, ê rádio... Algumas "impropriedades" que ouvi no rádio nesta semana:
1) Na Bandnews, do repórter que cobre a F1, a partir de Interlagos - ele explicava que o som não chega no local onde ele estava porque era "isolado sonoricamente".
2) Na Transamérica: "Chegada de reforços no meio da competição foram os fatores determintes para a recuperação do time".
3) Idem: "Elias, ao lado de outros reforços, ajudaram...."
4) Um jogador do Coxa explicando sua situação: "...fiquei quase 40 dias, um pouco mais..." Quase ou um pouco mais que quase?
5) A CBN tem um anúncio ("serviço") que avisa que "Curitiba tem coleta domiciliar de lixo tóxico", explicando que um ônibus da Prefeitura fica a cada semana num terminal de ônibus diferente para receber o lixo. Ei, CBN, meu domicílio, graças a Deus, não é um terminal de ônibus!!!
1) Na Bandnews, do repórter que cobre a F1, a partir de Interlagos - ele explicava que o som não chega no local onde ele estava porque era "isolado sonoricamente".
2) Na Transamérica: "Chegada de reforços no meio da competição foram os fatores determintes para a recuperação do time".
3) Idem: "Elias, ao lado de outros reforços, ajudaram...."
4) Um jogador do Coxa explicando sua situação: "...fiquei quase 40 dias, um pouco mais..." Quase ou um pouco mais que quase?
5) A CBN tem um anúncio ("serviço") que avisa que "Curitiba tem coleta domiciliar de lixo tóxico", explicando que um ônibus da Prefeitura fica a cada semana num terminal de ônibus diferente para receber o lixo. Ei, CBN, meu domicílio, graças a Deus, não é um terminal de ônibus!!!
Dica de filme
Dica para o fim de semana: veja o filme francês "E se vivêssemos todos juntos?" Bom cinema "das antigas": bons atores, uma boa história, nenhuma explosão nem "efeitos especiais". Uma história sobre amizade, amor, fidelidade, velhice... Comovente.
A falta do "cujo"...
Que falta faz o "cujo"! Fico triste com o assassinato do "cujo"...
Veja, por exemplo, esta frase na Gazeta 24/11: "Ele [...] é um atleta que nós sabemos do potencial..."
Não ficaria MUITO melhor com o cujo? Assim: "Ele é um atleta cujo potencial nós conhecemos"...
Veja, por exemplo, esta frase na Gazeta 24/11: "Ele [...] é um atleta que nós sabemos do potencial..."
Não ficaria MUITO melhor com o cujo? Assim: "Ele é um atleta cujo potencial nós conhecemos"...
Erros na Gazeta do Povo
Algumas frases " a melhorar", extraídas da Gazeta do Povo de quinta-feira.
1) "Como que você avalia o Atlético?" - o "que" está sobrando...
2) "Das cinco equipes que brigaram de fato pelo acesso, qual que pode servir de exemplo para o Paraná em 2013?" - de novo, na mesma entrevista, um "que" perdido na frase.
3) "Após seis dias de tentativas, o grupo rebelde M23 tomou ontem a cidade de Goma, no Leste do Congo, e prometeu 'libertar' todo país." - aqui, é preciso entender a diferença entre "todo o país" (ou seja, o país inteiro) e "todo país" (qualquer país, todos os países). Do modo como foi escrito, o grupo pretende libertar todos os países. Será que eles vêm ao Brasil?
1) "Como que você avalia o Atlético?" - o "que" está sobrando...
2) "Das cinco equipes que brigaram de fato pelo acesso, qual que pode servir de exemplo para o Paraná em 2013?" - de novo, na mesma entrevista, um "que" perdido na frase.
3) "Após seis dias de tentativas, o grupo rebelde M23 tomou ontem a cidade de Goma, no Leste do Congo, e prometeu 'libertar' todo país." - aqui, é preciso entender a diferença entre "todo o país" (ou seja, o país inteiro) e "todo país" (qualquer país, todos os países). Do modo como foi escrito, o grupo pretende libertar todos os países. Será que eles vêm ao Brasil?
Wednesday, October 17, 2012
Jornalista precisa "ouvir a outra parte"!
Todo e qualquer jornalista com um mínimo de formação sabe que é preceito básico, fundamental, no jornalismo "ouvir a outra parte". Não se faz uma matéria jornalística sem ouvir todas as partes envolvidas, certo? Pois bem, para meu espanto, tenho visto páginas inteiras na Gazeta do Povo, principal jornal do Paraná, em que a outra parte não é ouvida...
No dia 1º de outubro, a Gazeta publicou reportagem de página inteira sob o título "Programa usa só 7% do previsto em segurança" (clique no título para ler), informando que o governo deixou de investir em área crucial.
A matéria não ouve nem uma fonte sequer do governo, nem publica uma palavra sequer daqueles que são os responsáveis pelo investimento. Pode isso?
No dia 1º de outubro, a Gazeta publicou reportagem de página inteira sob o título "Programa usa só 7% do previsto em segurança" (clique no título para ler), informando que o governo deixou de investir em área crucial.
A matéria não ouve nem uma fonte sequer do governo, nem publica uma palavra sequer daqueles que são os responsáveis pelo investimento. Pode isso?
Mais uma da Gazeta:
Matéria do dia 10 de outubro informa: "Prefeito é acusado de retaliação por suspender serviços" (clique no título para ler). Trata-se do prefeito de Corbélia-PR. O detalhe é que o jornal não ouviu o prefeito. A razão? "A reportagem tentou entrar em contato com Fontana, mas ele havia viajado a Curitiba"...
Ora, a sede do jornal é em Curitiba! Será impossível localizar um prefeito do interior em visita à capital? Ele não tem uma programação oficial a cumprir? Ou terá viajado a passeio?
Enfim, parece que os jornalistas andam muito acomodados e preguiçosos. Quando um jornalista recebe uma pauta, deve fazer todo o possível para cumpri-la da melhor maneira, mas, pelo visto, tornou-se hábito abandonar a busca na primeira dificuldade e "justificar-se" do modo mais fácil.
Matéria do dia 10 de outubro informa: "Prefeito é acusado de retaliação por suspender serviços" (clique no título para ler). Trata-se do prefeito de Corbélia-PR. O detalhe é que o jornal não ouviu o prefeito. A razão? "A reportagem tentou entrar em contato com Fontana, mas ele havia viajado a Curitiba"...
Ora, a sede do jornal é em Curitiba! Será impossível localizar um prefeito do interior em visita à capital? Ele não tem uma programação oficial a cumprir? Ou terá viajado a passeio?
Enfim, parece que os jornalistas andam muito acomodados e preguiçosos. Quando um jornalista recebe uma pauta, deve fazer todo o possível para cumpri-la da melhor maneira, mas, pelo visto, tornou-se hábito abandonar a busca na primeira dificuldade e "justificar-se" do modo mais fácil.
O direito à liberdade de expressão tem limites.
NOÇÃO BÁSICA DE DIREITO, para quem nunca a teve ou se esqueceu: o direito à liberdade de expressão (como, de regra, acontece com todo direito) não é absoluto! Ele tem limites estabelecidos no nosso ordenamento jurídico. Calúnia, difamação e injúria são crimes assim tipificados na legislação.
A facilidade de expressão pública pelos meios atuais (blogs, redes sociais) não isenta o cidadão de cumprir a lei. Quem calunia, difama ou injuria outrem está sujeito a sanções.
E quem se sente caluniado, difamado ou injuriado tem todo direito de pedir que cesse a calúnia, difamação ou injúria, inclusive - e especialmente - havendo difusão pública num blog ou em redes sociais.
Portanto, qualquer pessoa que exceda os limites legais estabelecidos para o direito à liberdade de expressão está sujeito a penas. E pode ter que se submeter a ordem judicial de retirar do ar (em blog ou rede social) a expressão caluniosa, difamante ou injuriosa.
Portanto, não há nada a censurar naqueles que defendem seus direitos de não sofrerem calúnia, difamação ou injúria. E sim, há tudo a criticar em quem acha que porque tem acesso a um blog ou rede social pode caluniar, difamar e injuriar livremente em nome de um mal compreendido direito à liberdade de expressão.
Esclareço que não me refiro particularmente ao caso concreto de nenhum candidato a cargo eletivo - mesmo porque tenho visto casos parecidos envolvendo gente de todos os partidos.
ESTAMOS ENTENDIDOS?
A facilidade de expressão pública pelos meios atuais (blogs, redes sociais) não isenta o cidadão de cumprir a lei. Quem calunia, difama ou injuria outrem está sujeito a sanções.
E quem se sente caluniado, difamado ou injuriado tem todo direito de pedir que cesse a calúnia, difamação ou injúria, inclusive - e especialmente - havendo difusão pública num blog ou em redes sociais.
Portanto, qualquer pessoa que exceda os limites legais estabelecidos para o direito à liberdade de expressão está sujeito a penas. E pode ter que se submeter a ordem judicial de retirar do ar (em blog ou rede social) a expressão caluniosa, difamante ou injuriosa.
Portanto, não há nada a censurar naqueles que defendem seus direitos de não sofrerem calúnia, difamação ou injúria. E sim, há tudo a criticar em quem acha que porque tem acesso a um blog ou rede social pode caluniar, difamar e injuriar livremente em nome de um mal compreendido direito à liberdade de expressão.
Esclareço que não me refiro particularmente ao caso concreto de nenhum candidato a cargo eletivo - mesmo porque tenho visto casos parecidos envolvendo gente de todos os partidos.
ESTAMOS ENTENDIDOS?
A estupidez humana...
Um "líder religioso muçulmano" está oferecendo recompensa de 300 mil dólares a quem matar o produtor do tal vídeo ofensivo a Maomé.
O líder da Al-Qaeda convocou os muçulmanos a uma "guerra santa" contra Estados Unidos e Israel por causa do vídeo.
Inacreditável estupidez, estultície, ignorância, absurdo!
Ó escória da humanidade, esgoto do mundo, cloaca da Terra... De onde nasce tanta estupidez???
O texto quase perfeito sobre o caso do vídeo foi escrito por Cristovão Tezza e publicado na Gazeta do Povo, sob o título "Que Maomé nos projeta" (clique no título para ler o texto).
Assino embaixo, exceto pelo otimismo de Tezza, do qual não compartilho (daí o "quase" que escrevi antes).
Ó, triste humanidade que rasteja nas trevas...
Wednesday, September 19, 2012
LIÇÃO BÁSICA DE JORNALISMO
Senhores jornalistas, atenção e muito cuidado para não cometerem um erro grave, mas, infelizmente, comum: assumir a fala da fonte como verdade e transformar o discurso da fonte no discurso do veículo.
Um exemplo pode ser visto no título de uma matéria na Gazeta do Povo de hoje: "Mano ignora sombra de Scolari" (Esportiva, p. 4).
Na verdade, Mano diz que ignora. Mas será que o jornal deve assumir isso como verdade? Aliás, será que alguém acredita que isso seja verdade? Que o Mano não está nem um pouco preocupado com a "sombra" do Felipão?
A solução é simples. O título deveria ser: "Mano diz ignorar sombra de Scolari". Havia espaço para isso, inclusive.
Neste caso concreto, não há graves consequências. Mas podemos pensar em inúmeros títulos e manchetes do tipo: "Governo vai investir XX bilhões no combate à fome". Basta o governo dizer que vai, e lá vão os veículos alardear como verdade o que o governo disse.
Um exemplo pode ser visto no título de uma matéria na Gazeta do Povo de hoje: "Mano ignora sombra de Scolari" (Esportiva, p. 4).
Na verdade, Mano diz que ignora. Mas será que o jornal deve assumir isso como verdade? Aliás, será que alguém acredita que isso seja verdade? Que o Mano não está nem um pouco preocupado com a "sombra" do Felipão?
A solução é simples. O título deveria ser: "Mano diz ignorar sombra de Scolari". Havia espaço para isso, inclusive.
Neste caso concreto, não há graves consequências. Mas podemos pensar em inúmeros títulos e manchetes do tipo: "Governo vai investir XX bilhões no combate à fome". Basta o governo dizer que vai, e lá vão os veículos alardear como verdade o que o governo disse.
Infelizmente, é um erro grave e comum - e possivelmente, muitas vezes, ideologicamente voluntário...
Friday, September 07, 2012
CONSIDERAÇÕES SOBRE O DIA DA PÁTRIA
Ouvi ontem matéria no rádio lamentando que as pessoas não sabem cantar o hino nacional... Lembrei-me então da célebre frase de Johnson: "O patriotismo é o último refúgio de um canalha". E me perguntei se sou um "patriota". Não, não sou. Amo o Brasil, gosto de ter nascido aqui. Mas não "daria a vida pela pátria". Não acho nenhuma falha de caráter alguém não saber cantar o hino nacional. Aliás, em geral, os hinos nacionais são horrorosos. Sobre o nosso, o Carlos Alberto Pessoa já publicou uma crítica feroz e muito bem feita (gostaria de lê-la de novo!). As letras, quase sempre, são bélicas, beligerantes, com exaltações descabidas. Mesmo alguns cuja melodia é linda têm letras de espantar - é o caso do hino francês, de melodia empolgante, mas com uma letra cheia de um ódio inacreditável.
Tenho horror às críticas despropositadas que tantas pessoas (dos mais variados níveis culturais) fazem à Argentina e ao Paraguai, por exemplo. Já estive inúmeras vezes no Paraguai, país que merece tanto respeito quanto qualquer outro e onde encontrei gente fantástica e muitas coisas ótimas e interessantes. Tenho nojo de frases do tipo "ganhar é muito bom, mas ganhar da Argentina é muito melhor" (ui!). A rivalidade Brasil-Argentina foi historicamente alimentada por interesses europeus contrários as sul-americanos - e tem "papagaios" que não percebem o que está por trás disso.
Fiquei feliz com a atitude do governo Lula de perdoar as dívidas que muitos países pobres tinham com o Brasil. A fome e a pobreza de um africano me doem tanto quanto a de um brasileiro. Sou cidadão brasileiro (e gosto de sê-lo), assim como sou cidadão italiano, mas sou sobretudo cidadão do mundo, parte do gênero humano, e acredito que um sudanês, um suíço e um brasileiro carregam o mesmo peso de serem humanos - esse bicho ao mesmo tempo tão maravilhoso e tão cheio de defeitos.
Minha pátria é o mundo, meus irmãos são todos os seres humanos. Tenho duas nacionalidades, mas gostaria de ter uma só, a planetária. Porque não se pode exaltar uma "pátria" melhor que outra quando o povo de um país sofre para que o de outro goze de boa vida.
Sunday, September 02, 2012
Qual a utilidade dos “Ramalhetes”?
Tomás Barreiros
O professor de filosofia Carlos Ramalhete publicou
no dia 30/08 em sua coluna no jornal Gazeta do Povo (principal diário impresso
do Paraná) artigo intitulado “Perversão da adoção”, no qual critica duramente a
possibilidade de adoção de crianças por casais homossexuais. O texto causou
polêmica e provocou reações justamente indignadas contra suas posições
extremadamente conservadoras e “reacionárias” (entre aspas, para indicar que se
adota aqui o sentido vulgar do termo).
O professor fez uso do seu direito democrático de
expressão. Não há o que reparar quanto a isso. Felizmente, gozamos da total
liberdade de pensamento (que não pode ser coibida senão pelo sutil domínio das
consciências, geralmente obtido pela indução do medo interior, como o medo do
pecado, por exemplo, que condena “os maus pensamentos”) e da liberdade de
expressão do pensamento, esta regulada por lei – pois tem limites, como
acontece com toda liberdade cujo exercício possa interferir em direitos de
terceiros: é o caso da interdição legal à calúnia, à difamação e à injúria.
Entretanto, cabe questionar se um veículo de
comunicação importante como é a Gazeta deve, em nome da pluralidade, abrigar
qualquer opinião, por mais absurda que possa parecer ao juízo de muitos. Alguns
argumentam que não cabe à imprensa acolher todas as opiniões, o que poderia
afetar a ética jornalística, já que ser imparcial (dever teórico do jornalista)
não significa “dar a Hitler o mesmo tempo que aos judeus”, conforme a irônica
frase de Godard. De qualquer modo, o jornal escolhe quem deseja ver em suas
páginas. E a divergência de opiniões sempre é salutar numa sociedade madura a
ponto de não precisar temer sequer os argumentos de um Hitler.
Obviamente, quando escolhe alguém para ser seu
colunista, um veículo de comunicação indica sua linha editorial. E isso é um
dado útil para que o leitor conheça o veículo que lê. Um dos modos de expressão
da ideologia de um jornal, para além dos editoriais, é a escolha de seu corpo
de articulistas. Portanto, saber da existência de um Ramalhete entre os
colunistas da Gazeta tem sua utilidade. Em relação ao padrão corrente da grande
imprensa brasileira, a Gazeta do Povo é um bom jornal. Que ela abrigue em suas
páginas os artigos frequentemente retrógrados de um Ramalhete é um dado
importante para o leitor identificar melhor o alinhamento do jornal.
Entretanto, há outra utilidade mais relevante na
publicação de artigos de tal jaez num jornal de grande circulação: é preciso
que o leitor se posicione, explique-se a si mesmo diante das mudanças importantes
pelas quais passa a sociedade atual. Deparar-se com as ideias de uma
mentalidade mumificada como aquelas frequentemente apresentadas pelo colunista
obriga o leitor a se posicionar ante o desvelamento do pensamento conservador
que por séculos dominou a sociedade brasileira e que ainda subsiste em
considerável parcela da população.
Portanto, independentemente da conveniência ou não
de um grande veículo de comunicação publicar pensamentos como os de Ramalhete
(que, evidentemente, não está só na grande mídia), eles são importantes para
que o leitor reflita e se posicione ante temas cruciais que, mais dia, menos
dia, afetarão a todos.
Tuesday, August 28, 2012
Sociedade midiática
Curiosa a nota publicada na Gazeta quando o Assange discursou na sacada da embaixada do Equador:
"Cerca de 50 simpatizantes de Assange ouviram seu discurso debaixo da embaixada do Equador, número equivalente ao de policiais que monitoravam a situação, enquanto 300 jornalistas acompanharam o pronunciamento."
Na sociedade midiática, o importante não é quanta gente vê, mas quantos jornalistas transmitem. Muito mais importante, aliás!
Vejam-se, por exemplo, as manifestações da Peta e do Femen... São feitas por pouquíssimas manifestantes, presenciadas por públicos reduzidos, mas sempre noticiadas no mundo inteiro!
"Cerca de 50 simpatizantes de Assange ouviram seu discurso debaixo da embaixada do Equador, número equivalente ao de policiais que monitoravam a situação, enquanto 300 jornalistas acompanharam o pronunciamento."
Na sociedade midiática, o importante não é quanta gente vê, mas quantos jornalistas transmitem. Muito mais importante, aliás!
Vejam-se, por exemplo, as manifestações da Peta e do Femen... São feitas por pouquíssimas manifestantes, presenciadas por públicos reduzidos, mas sempre noticiadas no mundo inteiro!
Friday, July 20, 2012
Mais erros...
Mais erros crassos correndo em sites informativos de peso... Veja o título: "Jornalista morta na estreia de Batman sobreviveu à tiroteio em Toronto". Primeiro, o erro de crase (qual a dificuldade que tantas pessoas encontram no uso da crase? Não consigo entender...). Depois, o uso do tempo verbal inadequado, que deixa a frase risível (como a morta pode sobreviver?). O tempo correto de "sobreviver" é o "passado antes de outro passado": "sobrevivera" ou, na forma composta, "tinha sobrevivido".
O pior é que a origem é de uma agência noticiosa que todos os sites reproduzem sem nenhuma correção!
O pior é que a origem é de uma agência noticiosa que todos os sites reproduzem sem nenhuma correção!
Tuesday, June 05, 2012
Falha na capa da Gazeta do Povo
Capa da Gazeta de ontem (04/06/12):
"Rogerio Galindo fala das dificuldades dos brasileiros distinguir entre o público e o privado".
A coluna é ótima, como sempre são as do Rogério (um dos melhores colunistas da GP). Mas quem fez a chamada escorregou no português. Deveria ser: "...dificuldades de os brasileiros distinguirem..."
"Rogerio Galindo fala das dificuldades dos brasileiros distinguir entre o público e o privado".
A coluna é ótima, como sempre são as do Rogério (um dos melhores colunistas da GP). Mas quem fez a chamada escorregou no português. Deveria ser: "...dificuldades de os brasileiros distinguirem..."
Friday, April 27, 2012
FILMES...
Filmes a que assisti recentemente...
Primeiro, os filmes que vi em casa:
1) "Qual é o seu número?" Hummmm.... fraquinho, fraquinho... nota 5.
2) "Vestígios do dia": belo filme, com um ótimo Anthony Hopkins. Bom para levantar a reflexão sobre o que cada um faz com sua vida a partir dos caminhos que escolhe e das decisões que toma (que, muitas vezes, torna a pessoa cega para tanta coisa em volta de si!). Nota 8.
3) "Um beijo roubado". Interessante, diferente pela direção/edição/montagem. Dirigido por Kar-Wai Wong. Só o elenco já é um colírio: Jude Law, Norah Jones, Rachel Weisz, Natalie Portman... Nota 7.
4) "Segredo em família", com Robert Duvall (excelente) e James Earl Jones. Bonito filme sobre... família. Gostei, nota 8.
5) "A outra" - história das irmãs Ana e Maria Bolena e seu relacionamento com o rei Henrique VIII da Inglaterra. O figurino é bonito, o elenco de peso... mas não consigo engolir esses filmes retratando histórias de séculos atrás com personagens de trejeitos, falas e comportamentos típicos de hoje que certamente não tinham lugar naquele tempo... Nota 6.
No cinema:
1) "Espelho, espelho meu". Apesar da insuportável Julia Roberts, o filme deve divertir a criançada. Curiosa a cena em que o rei faz um discurso: "Pelo poder de que fui investido por.... mim!"... Já que se tratava de uma monarquia absoluta, o poder não vinha do povo. Se fosse uma monarquia medieval, seria "investido por Deus" - o que o filme não ia por, né? Daí a brincadeira... Nota 6.
2) "A separação". Sensacional. Merece todos os elogios que têm recebido. Nem gosto de elogiar muito, porque alguém pode ficar com grandes expectativas e não achar lá essas coisas... Mas para que ama CINEMA de verdade, feito com base em uma boa história, diálogos inteligentes, conflitos bem trabalhados, atuações convicentes e um final sensacional (que resume a mensagem do filme), é imperdível. O filme não tem "efeitos especiais", e a trilha sonora quase não aparece. Há tempos me apaixonei pelo cinema iraniano, desde "O balão branco", um de meus filmes prediletos, cuja lista agora inclui "A separação". Nota 10.
3) "Xingu". É um bom filme, com bela fotografia. Tem seus méritos. Boa mostra do que era a filosofia desenvolvimentista do governo militar e a ação dos irmãos pioneiros da proteção ao índio. E confirma João Miguel (do ótimo "Estômago", outro filme imperdível) como um dos melhores atores brasileiros da atualidade. Nota 7.
4) "Habemus papam". Uma ideia sensacional, mas mal executada. Se o filme seguisse mais a linha do drama, que é estragado pelo exagero da comédia, poderia ser um filme fantástico. Saí decepcionado por causa da expectativa que tinha, mas vale a pena assistir. A parte inicial, que mostra a pompa e a suntuosidade do Vaticano e do conclave, com cenas belíssimas, é de arrepiar. Pena que o filme mude de tom, pois faz tempo que não aparece um filme interessante sobre os bastidores da eleição de um papa. Nota 6 para o filme, mas a experiência de assisti-lo vale um 9. Aliás, vi na confortabilíssima sala VIP do novo Itaú do Shopping Crystal, em Curitiba.
5) "Jovens adultos". Mais um bom filme. Muitos adolescentes de "Operação X", quando crescem, podem tornar-se um homem como o protagonista de "Shame", ou uma mulher como a protagonista de "Jovens Adultos". Este é um bom retrato do jovem vazio, criado num ambiente hedonista, desacostumado a ouvir "não" - e que acaba não aprendendo a lidar com o mundo, já que este mundo não pode dar o que pede seu incrível egoísmo, um egoísmo exacerbado que faz de tudo e de todos meros instrumentos para satisfação de seus desejos.
Primeiro, os filmes que vi em casa:
1) "Qual é o seu número?" Hummmm.... fraquinho, fraquinho... nota 5.
2) "Vestígios do dia": belo filme, com um ótimo Anthony Hopkins. Bom para levantar a reflexão sobre o que cada um faz com sua vida a partir dos caminhos que escolhe e das decisões que toma (que, muitas vezes, torna a pessoa cega para tanta coisa em volta de si!). Nota 8.
3) "Um beijo roubado". Interessante, diferente pela direção/edição/montagem. Dirigido por Kar-Wai Wong. Só o elenco já é um colírio: Jude Law, Norah Jones, Rachel Weisz, Natalie Portman... Nota 7.
4) "Segredo em família", com Robert Duvall (excelente) e James Earl Jones. Bonito filme sobre... família. Gostei, nota 8.
5) "A outra" - história das irmãs Ana e Maria Bolena e seu relacionamento com o rei Henrique VIII da Inglaterra. O figurino é bonito, o elenco de peso... mas não consigo engolir esses filmes retratando histórias de séculos atrás com personagens de trejeitos, falas e comportamentos típicos de hoje que certamente não tinham lugar naquele tempo... Nota 6.
1) "Espelho, espelho meu". Apesar da insuportável Julia Roberts, o filme deve divertir a criançada. Curiosa a cena em que o rei faz um discurso: "Pelo poder de que fui investido por.... mim!"... Já que se tratava de uma monarquia absoluta, o poder não vinha do povo. Se fosse uma monarquia medieval, seria "investido por Deus" - o que o filme não ia por, né? Daí a brincadeira... Nota 6.
2) "A separação". Sensacional. Merece todos os elogios que têm recebido. Nem gosto de elogiar muito, porque alguém pode ficar com grandes expectativas e não achar lá essas coisas... Mas para que ama CINEMA de verdade, feito com base em uma boa história, diálogos inteligentes, conflitos bem trabalhados, atuações convicentes e um final sensacional (que resume a mensagem do filme), é imperdível. O filme não tem "efeitos especiais", e a trilha sonora quase não aparece. Há tempos me apaixonei pelo cinema iraniano, desde "O balão branco", um de meus filmes prediletos, cuja lista agora inclui "A separação". Nota 10.
3) "Xingu". É um bom filme, com bela fotografia. Tem seus méritos. Boa mostra do que era a filosofia desenvolvimentista do governo militar e a ação dos irmãos pioneiros da proteção ao índio. E confirma João Miguel (do ótimo "Estômago", outro filme imperdível) como um dos melhores atores brasileiros da atualidade. Nota 7.
4) "Habemus papam". Uma ideia sensacional, mas mal executada. Se o filme seguisse mais a linha do drama, que é estragado pelo exagero da comédia, poderia ser um filme fantástico. Saí decepcionado por causa da expectativa que tinha, mas vale a pena assistir. A parte inicial, que mostra a pompa e a suntuosidade do Vaticano e do conclave, com cenas belíssimas, é de arrepiar. Pena que o filme mude de tom, pois faz tempo que não aparece um filme interessante sobre os bastidores da eleição de um papa. Nota 6 para o filme, mas a experiência de assisti-lo vale um 9. Aliás, vi na confortabilíssima sala VIP do novo Itaú do Shopping Crystal, em Curitiba.
5) "Jovens adultos". Mais um bom filme. Muitos adolescentes de "Operação X", quando crescem, podem tornar-se um homem como o protagonista de "Shame", ou uma mulher como a protagonista de "Jovens Adultos". Este é um bom retrato do jovem vazio, criado num ambiente hedonista, desacostumado a ouvir "não" - e que acaba não aprendendo a lidar com o mundo, já que este mundo não pode dar o que pede seu incrível egoísmo, um egoísmo exacerbado que faz de tudo e de todos meros instrumentos para satisfação de seus desejos.
TOCA DE ASSIS
Há tempos que não sou o que se possa chamar de um frequentador de qualquer culto religioso, embora tenha minhas devoções. Mas, assim como abomino certas ações e ideias de diferentes religiões, admiro coisas que me parecem realmente boas em algumas. Dias atrás, fui conhecer a "Toca de Assis" (Rua Visconde do Rio Branco, 56). Obra admirável de gente que segue os passos de São Francisco de Assis na pobreza e na humildade, acolhendo moradores de rua e dando-lhes aquilo que ninguém lhes dá e de que mais precisam: amor e atenção. Recomendo: vale uma visita. E quem for e puder, aproveite para levar alguma doação, seja em dinheiro, roupas ou alimentos etc.
ROGER HODGSON EM CURITIBA
Durante o show de Roger Hodgson (ótimo), ele reclamou (bem humorado, nada no estilo Nana Caymmi) do espaço vazio excessivo no palco, entre a banda e o público. "Por que todo esse espaço? Vai ter dançarinas? Cadê as dançarinas?" Acho que ninguém soube traduzir (ou não quis revelar): "distanciamento curitibano".
"CROUTONS", POR FAVOR!
Não aguento mais ouvir (e até ler já li!) “crótons”. Sim, aqueles quadradinhos de pão torrado que ficam tão bem em algumas composições gastronômicas. Por favor, todos que forem dar nome a eles: a palavra é “croutons”, em francês, e se pronuncia “crrruton”, OK? Isso mesmo, como se juntássemos as palavras “cru” e “tom”. Claro que esse “r” é “raspado” em francês. Mas também não faço tanta exigência. Apenas poupem, por gentileza, meus ouvidos sensivelmente francófilos dessa deturpação total da pronúncia (provavelmente, nefasta influência do inglês...).
Friday, April 06, 2012
Filme: "Projeto X"
Filme da semana: "Projeto X - Uma festa fora de controle". Fui ver sozinho, sem a companhia de meu filho, não porque a "censura" é 18 anos, mas porque vi num cinema um cartaz intimidador em letras grandes dizendo que era "absolutamente proibida a entrada de menores, mesmo acompanhados dos pais, por causa das cenas de sexo e drogas". Bem, então, fui preparado para ver uma comédia fraca (pela avaliação da Gazeta do Povo) e um pouco de sexo na tela grande (o que tinha visto em Shame, depois de muuuito tempo).
Conclusões:
1) Toda "censura", como sempre, é burra e ridícula. O filme tem quase zero de sexo. Se a classificação dele é 18 anos, então, American Pie deveria ser 21, pelo menos. Drogas? Nada diferente do que costuma aparecer em filmes tipo "sessão da tarde". De passagem: o filme "Drive", superviolento, com vários assassinatos de grande crueza (num deles, a vítima tem a cabeça esmagada a pisões), está classificado como impróprio para menores de 16 anos... Então, a violência extrema é totalmente aceitável, natural para um adolescente. Já o sexo, é coisa horrorosa, que deve ser proibida... A esse propósito, sugiro a leitura da crônica "O travesseiro de Lenny Bruce", de Luis Fernando Veríssimo (clique no título).
2) Achei o filme bastante relevante. É um retrato do comportamento e dos valores de muitos adolescentes de hoje, educados para o hedonismo e o egoísmo sem consequências. Tudo justifica a busca pelo prazer e pela diversão - que se resume a sexo e drogas. Não importam as consequências, nem o preço a pagar. Deve-se buscar o paroxismo da "diversão", sem se importar com os outros nem se preocupar com qualquer consequência. E quem faz isso ainda pode virar herói e ver sua popularidade "explodir".
Apesar dos naturais exageros de um filme anunciado como comédia, é assustador, pela mensagem que transmite. E que, pior, tem eco e verossimilhança. Recomendo o filme para quem tem contato com adolescentes. Pena que não pude levar meu filho - seria ponto de partida para ótimas conversas.
Conclusões:
1) Toda "censura", como sempre, é burra e ridícula. O filme tem quase zero de sexo. Se a classificação dele é 18 anos, então, American Pie deveria ser 21, pelo menos. Drogas? Nada diferente do que costuma aparecer em filmes tipo "sessão da tarde". De passagem: o filme "Drive", superviolento, com vários assassinatos de grande crueza (num deles, a vítima tem a cabeça esmagada a pisões), está classificado como impróprio para menores de 16 anos... Então, a violência extrema é totalmente aceitável, natural para um adolescente. Já o sexo, é coisa horrorosa, que deve ser proibida... A esse propósito, sugiro a leitura da crônica "O travesseiro de Lenny Bruce", de Luis Fernando Veríssimo (clique no título).
2) Achei o filme bastante relevante. É um retrato do comportamento e dos valores de muitos adolescentes de hoje, educados para o hedonismo e o egoísmo sem consequências. Tudo justifica a busca pelo prazer e pela diversão - que se resume a sexo e drogas. Não importam as consequências, nem o preço a pagar. Deve-se buscar o paroxismo da "diversão", sem se importar com os outros nem se preocupar com qualquer consequência. E quem faz isso ainda pode virar herói e ver sua popularidade "explodir".
Apesar dos naturais exageros de um filme anunciado como comédia, é assustador, pela mensagem que transmite. E que, pior, tem eco e verossimilhança. Recomendo o filme para quem tem contato com adolescentes. Pena que não pude levar meu filho - seria ponto de partida para ótimas conversas.
Friday, March 30, 2012
Declaração infeliz no evento pró-golpe de 64
INCRÍVEL a declaração de um tal Clóvis Bandeira, vice-presidente do Clube Militar, sobre os manifestantes que protestavam ontem contra o evento de comemoração e louvor ao golpe de 64: "Vejo com tristeza uma ação dessas. Um monte de gente que quer proibir que outras façam reunião só porque têm pensamento diferente deles. Curioso, não?"
Sim, muito curioso. Primeiro, porque os manifestantes não pretendiam "proibir" nada, apenas protestar contra o evento. Segundo, porque foi exatamente o que o regime militar fez, com uma diferença BÁSICA: os milicos tinham poder (usurpado) para isso, e efetivamente proibiam com violência, constrangimento, perseguição, prisões e assassinatos.
Sim, muito curioso. Primeiro, porque os manifestantes não pretendiam "proibir" nada, apenas protestar contra o evento. Segundo, porque foi exatamente o que o regime militar fez, com uma diferença BÁSICA: os milicos tinham poder (usurpado) para isso, e efetivamente proibiam com violência, constrangimento, perseguição, prisões e assassinatos.
Decisão correta do STJ sobre a "Lei Seca"
Coisa que me irrita: jornal tomando partido em assunto de que não entende. Ridículas as críticas ao STJ pela decisão sobre a "Lei Seca". Ainda bem que nossos tribunais nos protegem do arbítrio! O STJ, felizmente, foi fiel ao que diz a lei. Os idiotas que legislam é que deveriam fazê-lo com mais cuidado, em vez de criarem leis burras e cheias de falhas. O caminho institucional é a correção do texto da lei, e não uma decisão de tribunal superior contrária ao que diz a lei - ou, pior ainda, a Constituição!
Dupla "cidadania"?
OK, não é tão simples assim... Mas bem que a Gazeta do Povo podia ter evitado confundir "nacionalidade" com "cidadania" na reportagem de hoje ("Tirar dupla cidadania exige pesquisa e muita paciência" - Vida e Cidadania, p. 12). São conceitos diferentes.
Tuesday, March 27, 2012
Mais uma da Gazeta de hoje...
Mais uma curiosidade da Gazeta do Povo de hoje, 27/03. Quando um editor recebe um texto, como o jornal só sairá publicado no dia seguinte, ele precisa atualizar o tempo mencionado. Se o texto diz "hoje", ele alterará para "ontem" (já que o jornal só sairá no dia seguinte - jornal impresso é sempre velho, notícia do dia anterior). Acontece que, com a atual velocidade das notícias, algumas duram poucas horas, o que pode criar confusão. Foi o que causou a incogruente frase da p. 6 do caderno Mundo, na matéria "Reforma da saúde vai à Suprema Corte": "A audiência de ontem deve durar 90 minutos"!!! Escorregadinha do editor, que deveria ter esperado a última atualização da notícia...
Meus filmes mais recentes
Meus comentários sobre filmes não têm qualquer pretensão de serem crítica especializada. Apenas uma opinião ligeira de alguém que a-do-ra ir ao cinema. Então, lá vão breves comentários sobre os que vi mais recentemente...
"Protegendo o inimigo" - Um filme honesto, que dá o que promete. Ação, tiros, explosões, correria, muita violência (nossa catarse cinematográfica...). Roteiro parecido com tantos outros, final igual a quase todos - mas, como diz minha colega Viviane Peixe, "o importante é a narrativa, não a história"...
"Jogos vorazes" - Para quem gosta de BBB, uma edição completa num só filme... Tem até o Boninho e o Bial. Mas nada de sexo, afinal, é para adolescentes! Se dizem que é o substituto do Harry Potter, está muito longo da riqueza das histórias do bruxo. É interessante a visão de futuro do filme: um mundo cheio de gente idiotizada, vivendo num regime ditatorial que dá circo, sem pão.
"Shame" - Pela primeira vez, minha impressão final vai no sentido oposto ao dos comentários sempre brilhantes do Marcio L. Santos (meu crítico predileto) em amoscabranca.com. Embora tudo que ele tenha dito sobre o filme "Shame" seja verdadeiro, a história me pareceu vazia, linear, chocha, sem revelações. Não acontece nada de inesperado. A situação-padrão de um viciado (qualquer que seja o vício) é sempre aquela retratada no filme. Não vi nada de novo ou diferente. A realidade é mais terrível que o filme. Quem já conheceu pessoas viciadas conhece o roteiro, sempre igual. Aliás, algo que me pareceu francamente mal colocado no filme é a cena em que ele cheira cocaína – isso tira totalmente a força do vício em sexo. Devo dizer também que fui influenciado pelo incômodo causado pelo ambiente do cinema: eu estava sozinho, cercado por casais jovens praticamente “se comendo” durante o filme, como se estivessem num filme pornográfico, numa espécie de “antiexpectativa” completa… Nada contra, adoro fazer o que eles fazem, mas nos locais e ocasiões apropriados. Os casais me pareceram francamente deslocados, o que me incomodou (assim como os ruídos típicos emitidos por eles durante o filme). Como pontos positivos do filme, as atuações e a capacidade de comunicar a angústia do protagonista.
"A condenação" - Gostei. Tem partes meio arrastadas, mas no geral vale a pena. Fazia tempo que não chorava no cinema - matei saudades das minhas lágrimas cinematográficas.
Outro bom filme é "Drive". O mais interessante é ver como um bom diretor pode dar o ritmo que deseja a um filme. O que mais me impressionou foi a qualidade da direção - além da boa atuação do protagonista.
"O artista" - Um belo filme, uma homenagem ao cinema, feita por um diretor que sabe o que é fazer um filme - tanto que fez um bom filme mudo e em preto e branco!
"A invenção de Hugo Cabret" - Outro belo filme, mais uma homenagem ao cinema (como "O Artista"). Vale a pena ver e divertir-se (sem esperar um "filmão", mas um filme bom de assistir). De passagem: é difícil fazer um filme com atores mirins, não é? Não é fácil achar alguém com o talento de um Haley Joel Osment, por exemplo (alguém que nos faça esquecer que estamos vendo um ator interpretando um personagem e prestar atenção apenas no personagem).
"Um dia" - Filme romântico com a Anne Hathaway. Nada de muito especial, mas assistível. Aliás, tem sim algo especial: Anne Hathaway, sempre agradável de ver.
"John Carter - Entre dois mundos" - OK, podem dizer que é totalmente inverossímel, cheio de falhas, elenco mais ou menos etc. etc.... Mas eu curti. Passei a infância lendo Edgar Rice Burroughs, e foi legal ver seus mundos fantásticos na telona em IMax 3D. Cinema é (também) diversão!
"Histórias cruzadas" - Tem cenas superexageradas? Tem. É permeado por passagens piegas? É. Assume vários "clichês"? Sim. Seus personagens são planos, talhados a partir de uma divisão maniqueísta de 100% bons x 100% maus? São. É um bom filme? Sim. E vale a pena assistir. Afinal, de tempos em tempos, precisamos de clichês, obviedades e exageros que nos lembrem algumas coisas importantes. Se isso é feito num belo filme, com algumas ótimas performances, melhor ainda.
"Protegendo o inimigo" - Um filme honesto, que dá o que promete. Ação, tiros, explosões, correria, muita violência (nossa catarse cinematográfica...). Roteiro parecido com tantos outros, final igual a quase todos - mas, como diz minha colega Viviane Peixe, "o importante é a narrativa, não a história"...
"Jogos vorazes" - Para quem gosta de BBB, uma edição completa num só filme... Tem até o Boninho e o Bial. Mas nada de sexo, afinal, é para adolescentes! Se dizem que é o substituto do Harry Potter, está muito longo da riqueza das histórias do bruxo. É interessante a visão de futuro do filme: um mundo cheio de gente idiotizada, vivendo num regime ditatorial que dá circo, sem pão.
"Shame" - Pela primeira vez, minha impressão final vai no sentido oposto ao dos comentários sempre brilhantes do Marcio L. Santos (meu crítico predileto) em amoscabranca.com. Embora tudo que ele tenha dito sobre o filme "Shame" seja verdadeiro, a história me pareceu vazia, linear, chocha, sem revelações. Não acontece nada de inesperado. A situação-padrão de um viciado (qualquer que seja o vício) é sempre aquela retratada no filme. Não vi nada de novo ou diferente. A realidade é mais terrível que o filme. Quem já conheceu pessoas viciadas conhece o roteiro, sempre igual. Aliás, algo que me pareceu francamente mal colocado no filme é a cena em que ele cheira cocaína – isso tira totalmente a força do vício em sexo. Devo dizer também que fui influenciado pelo incômodo causado pelo ambiente do cinema: eu estava sozinho, cercado por casais jovens praticamente “se comendo” durante o filme, como se estivessem num filme pornográfico, numa espécie de “antiexpectativa” completa… Nada contra, adoro fazer o que eles fazem, mas nos locais e ocasiões apropriados. Os casais me pareceram francamente deslocados, o que me incomodou (assim como os ruídos típicos emitidos por eles durante o filme). Como pontos positivos do filme, as atuações e a capacidade de comunicar a angústia do protagonista.
"A condenação" - Gostei. Tem partes meio arrastadas, mas no geral vale a pena. Fazia tempo que não chorava no cinema - matei saudades das minhas lágrimas cinematográficas.
Outro bom filme é "Drive". O mais interessante é ver como um bom diretor pode dar o ritmo que deseja a um filme. O que mais me impressionou foi a qualidade da direção - além da boa atuação do protagonista.
"O artista" - Um belo filme, uma homenagem ao cinema, feita por um diretor que sabe o que é fazer um filme - tanto que fez um bom filme mudo e em preto e branco!
"A invenção de Hugo Cabret" - Outro belo filme, mais uma homenagem ao cinema (como "O Artista"). Vale a pena ver e divertir-se (sem esperar um "filmão", mas um filme bom de assistir). De passagem: é difícil fazer um filme com atores mirins, não é? Não é fácil achar alguém com o talento de um Haley Joel Osment, por exemplo (alguém que nos faça esquecer que estamos vendo um ator interpretando um personagem e prestar atenção apenas no personagem).
"Um dia" - Filme romântico com a Anne Hathaway. Nada de muito especial, mas assistível. Aliás, tem sim algo especial: Anne Hathaway, sempre agradável de ver.
"John Carter - Entre dois mundos" - OK, podem dizer que é totalmente inverossímel, cheio de falhas, elenco mais ou menos etc. etc.... Mas eu curti. Passei a infância lendo Edgar Rice Burroughs, e foi legal ver seus mundos fantásticos na telona em IMax 3D. Cinema é (também) diversão!
"Histórias cruzadas" - Tem cenas superexageradas? Tem. É permeado por passagens piegas? É. Assume vários "clichês"? Sim. Seus personagens são planos, talhados a partir de uma divisão maniqueísta de 100% bons x 100% maus? São. É um bom filme? Sim. E vale a pena assistir. Afinal, de tempos em tempos, precisamos de clichês, obviedades e exageros que nos lembrem algumas coisas importantes. Se isso é feito num belo filme, com algumas ótimas performances, melhor ainda.
Errinhos no jornal...
Depois de criar "São Verde" (quando o Paraná Clube foi jogar contra o Luverdense, pela Copa do Brasil, em Lucas do Rio Verde, matéria falava em "Lucas de São Verde"), a Gazeta do Povo hoje inventou um novo gentílico, talvez influenciada por outro santo (São Cipriano): texto na p. 4 do caderno de esportes de hoje, 27/03, chama o Apoel, time do Chipre, de "time cipriano" em vez de cipriota...
Frase engraçada da Gazeta do Povo de hoje, 27/03, p. 3 do caderno de Esportes:
"Não podemos prejudicar o policiamento ordinário da cidade em detrimento a um evento esportivo", afirmou o major Marcel Soffner, porta-voz da Polícia Militar de São Paulo.
Que bom usar um termo "chique", né? Dá pra entender?
É mesmo divertido ler jornal... Viram a chamada de capa da Gazeta no sábado? "GP da Malásia abre temporada da F1"... E o GP foi o segundo da temporada...
Frase engraçada da Gazeta do Povo de hoje, 27/03, p. 3 do caderno de Esportes:
"Não podemos prejudicar o policiamento ordinário da cidade em detrimento a um evento esportivo", afirmou o major Marcel Soffner, porta-voz da Polícia Militar de São Paulo.
Que bom usar um termo "chique", né? Dá pra entender?
É mesmo divertido ler jornal... Viram a chamada de capa da Gazeta no sábado? "GP da Malásia abre temporada da F1"... E o GP foi o segundo da temporada...
Saturday, March 10, 2012
"Decréscimo de 111%"?!
Alguém consegue me explicar o que é isto?
Gazeta do Povo (Curitiba-PR), 09/03/2012, caderno de Esportes, página 3:
"Apenas 9.110 torcedores acompanharam os dois jogos do Rubro-Negro na Vila Capanema, incluindo nesta conta o clássico Atletiba. Se comparado com a média de público do Paranaense 2012 [deve ser 2011, né?], de 9.618 pagantes por jogo, houve um decréscimo de 111%".
Decréscimo de 111%? Então o CAP teve um público negativo de 11%? O que é um público negativo? São fantasmas assistindo ao jogo?
E como comparar a média de um campeonato com o público total de duas partidas? Alguém consegue explicar essa "matemágica"?
Gazeta do Povo (Curitiba-PR), 09/03/2012, caderno de Esportes, página 3:
"Apenas 9.110 torcedores acompanharam os dois jogos do Rubro-Negro na Vila Capanema, incluindo nesta conta o clássico Atletiba. Se comparado com a média de público do Paranaense 2012 [deve ser 2011, né?], de 9.618 pagantes por jogo, houve um decréscimo de 111%".
Decréscimo de 111%? Então o CAP teve um público negativo de 11%? O que é um público negativo? São fantasmas assistindo ao jogo?
E como comparar a média de um campeonato com o público total de duas partidas? Alguém consegue explicar essa "matemágica"?
Thursday, March 01, 2012
Pérola do dia
Aproximadamente 7h20 do dia 1º/03, o apresentador local da rádio BandNews comenta as possíveis dificuldades de uma pessoa nascida no dia 29 de fevereiro. Diz algo mais ou menos assim: "Vinte pessoas nasceram ontem em Curitiba. O hospital dá um documento chamado Declaração de Nascido Vivo. Todo um esquema para facilitar o registro de pessoas nascidas nesse dia".
Rir ou chorar?
Rir ou chorar?
Tuesday, February 21, 2012
POEMINHA
POEMINHA
(by Tomás Barreiros)
por que cagou
na janela
o pássaro?
cores sublimes
nas penas,
voo elegante,
agradável canto
e merda cinzenta fosca
na janela
(a minha janela)
a me lembrar:
olha o mundo,
pés no chão,
que a perfeição
não é nossa.
(by Tomás Barreiros)
por que cagou
na janela
o pássaro?
cores sublimes
nas penas,
voo elegante,
agradável canto
e merda cinzenta fosca
na janela
(a minha janela)
a me lembrar:
olha o mundo,
pés no chão,
que a perfeição
não é nossa.
Monday, January 30, 2012
FILMES
FILME DA SEMANA 1 - "Os descendentes". um bom filme. O bonitão Clooney está bem como sempre, mas quem rouba a cena com uma atuação impecável é Shailene Woodley, que faz a filha mais velha do protagonista (Alexandra). Daqui a poucos anos, vai "estourar", pois é jovem, bonita e ótima atriz. O problema do filme, um drama-comédia, é que alguns atores parece que acreditam estar numa comédia pastelão. Atuam como se estivessem, o que não está no texto e, acredito, nem na proposta da obra. Não estou falando dos personagens, que têm a dose certa de comédia, mas de alguns atores, como o sogro do protagonista. E não incluo entre eles o ator que faz Sid, pois ele coloca na sua atuação o tom adequado de comédia. Será um problema de direção? De qualquer modo, vale muito a pena ver o filme.
FILME DA SEMANA 2 - "Milleninum". O filme é bom, atraente. O diretor consegue manter a tensão do começo ao fim. É um policial-suspense como tantos, mas com boas atuações, bela fotografia, boa direção e alguns lugares-comuns. Claro que, graças ao meu renitente gosto pelos marginais, me apaixonei pela personagem de Rooney Mara, em ótima atuação.
FILME DA SEMANA 3 - "2 Coelhos" - NÃO LEIA SE NÃO QUISER ENCONTRAR "SPOILERS". Um filme interessante, curioso. Vale pela atuação brilhante de Fernando Alves Pinto, que faz o protagonista. Aliás, o elenco pouco conhecido (preparado, é claro, pela Fátima Toledo) é muito bom mesmo, com destaque para Marat Descartes (que nome!). Elenco tão bom que Alessandra Negrini destoa - é a mais fraquinha. O roteiro é tão intrincado que, para entendê-lo bem, é melhor ver o filme duas vezes. O filme, é claro, tem suas falhas... Todos os personagens mais importantes são bandidos, amorais e/ou imorais. O que seria aceitável, mas não é o normal, especialmente no que diz respeito ao personagem Wagner, que de vítima se transforma em criminoso. Mas o mais difícil é aceitar que a personagem de Alessandra Negrini seja tão desejada, por quatro homens diferentes. Nem a atriz, nem a personagem (sem-vergonha, corrupta e interesseira) dão pra tanto... Que presente de grego Edgar dá a Wagner: uma mulherzinha daquelas, com uma filha de outro no ventre... Presente de grego. A ideia do filme lembra "7 Vidas" - que desenvolveu a ideia bem melhor... E o deputado corrupto não parece nosso ilustre ministro Paulo Bernardo? Mera coincidência? Ou estou enxergando demais?
FILME DA SEMANA 2 - "Milleninum". O filme é bom, atraente. O diretor consegue manter a tensão do começo ao fim. É um policial-suspense como tantos, mas com boas atuações, bela fotografia, boa direção e alguns lugares-comuns. Claro que, graças ao meu renitente gosto pelos marginais, me apaixonei pela personagem de Rooney Mara, em ótima atuação.
FILME DA SEMANA 3 - "2 Coelhos" - NÃO LEIA SE NÃO QUISER ENCONTRAR "SPOILERS". Um filme interessante, curioso. Vale pela atuação brilhante de Fernando Alves Pinto, que faz o protagonista. Aliás, o elenco pouco conhecido (preparado, é claro, pela Fátima Toledo) é muito bom mesmo, com destaque para Marat Descartes (que nome!). Elenco tão bom que Alessandra Negrini destoa - é a mais fraquinha. O roteiro é tão intrincado que, para entendê-lo bem, é melhor ver o filme duas vezes. O filme, é claro, tem suas falhas... Todos os personagens mais importantes são bandidos, amorais e/ou imorais. O que seria aceitável, mas não é o normal, especialmente no que diz respeito ao personagem Wagner, que de vítima se transforma em criminoso. Mas o mais difícil é aceitar que a personagem de Alessandra Negrini seja tão desejada, por quatro homens diferentes. Nem a atriz, nem a personagem (sem-vergonha, corrupta e interesseira) dão pra tanto... Que presente de grego Edgar dá a Wagner: uma mulherzinha daquelas, com uma filha de outro no ventre... Presente de grego. A ideia do filme lembra "7 Vidas" - que desenvolveu a ideia bem melhor... E o deputado corrupto não parece nosso ilustre ministro Paulo Bernardo? Mera coincidência? Ou estou enxergando demais?
Ausência
Às poucas almas que de vez em quando leem este blog: Tenho escrito pouco porque fui cooptado pelo Facebook, onde tenho colocado meus comentários.
Mas estou planejando para breve um site próprio, no qual colocarei tudo: minhas produções passadas, presentes e futuras.
Por ora, coloco aqui comentários de filmes que assisti recentemente (no próximo post).
Mas estou planejando para breve um site próprio, no qual colocarei tudo: minhas produções passadas, presentes e futuras.
Por ora, coloco aqui comentários de filmes que assisti recentemente (no próximo post).
Friday, December 23, 2011
Categorias de amor
Divido aquilo que comumente se chama de amor em quatro categorias:
1) O amor "comum", de quem ama alguém que lhe traz benefício, vantagem, prazer, alegria.
2) O amor da pessoa que ama alguém porque esse alguém é digno de amor, independentemente da relação entre os dois.
3) O amor incondicional motivado por uma relação consolidada: é o caso, muitas vezes, do amor paterno/materno, filial, conjugal, de pessoas que se amam independentemente do comportamento ou do caráter da pessoa amada.
4) Por fim, o amor dos santos, que amam a todos porque amam; amam porque veem no outro a luz divina, o semelhante, o "próximo"; um amor que não se condiciona a nada, a não ser à atitude de quem ama. É o amor de uma Madre Teresa de Calcutá, por exemplo.
1) O amor "comum", de quem ama alguém que lhe traz benefício, vantagem, prazer, alegria.
2) O amor da pessoa que ama alguém porque esse alguém é digno de amor, independentemente da relação entre os dois.
3) O amor incondicional motivado por uma relação consolidada: é o caso, muitas vezes, do amor paterno/materno, filial, conjugal, de pessoas que se amam independentemente do comportamento ou do caráter da pessoa amada.
4) Por fim, o amor dos santos, que amam a todos porque amam; amam porque veem no outro a luz divina, o semelhante, o "próximo"; um amor que não se condiciona a nada, a não ser à atitude de quem ama. É o amor de uma Madre Teresa de Calcutá, por exemplo.
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