Thursday, June 23, 2016

DIREITA E ESQUERDA – O QUE É ISSO?

Você é de direita ou de esquerda? Por quê?
Tenho lido e ouvida tantas ideias confusas a respeito desses conceitos que me arrisco a escrever aqui sobre eles, esperando ser de alguma forma útil… O texto abaixo é aberto a contribuições – espero correções e observações pertinentes.
1) Esquerda e direita são sempre conceitos relativos, nunca absolutos. Evoluem e variam conforme o tempo e o espaço. Não são preto e branco, são tons de cinza. Em relação ao preto, o cinza é claro; em relação ao branco, o cinza é escuro. Esquerda e direita definem-se uma em relação à outra.
2) Historicamente, o termo “esquerda” tem sido carregado de conotação negativa. A língua também marca essa conotação.
Na Bíblia, Cristo “...está sentado à direita de Deus Pai Todo Poderoso, de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos.” E no dia do Juízo … “Quando, pois, vier o Filho do homem na sua glória, [...] diante dele serão reunidas todas as nações; e ele separará uns dos outros [...]. Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: – Vinde, benditos de meu Pai. Possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; [...] Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.” No alto do monte Calvário, ladeando Jesus crucificado, estavam o bom ladrão, à direita, que no mesmo dia estaria com ele no Paraíso, e o mau ladrão, à esquerda.
Em latim, direita é “dextera”, esquerda é “sinistra” – origem da palavra “sinistro”. Os canhotos, em idos tempos, eram tidos como anormais e amaldiçoados.
Uma pessoa “gauche” (“esquerda”, em francês), é “errada”, fora do normal. “Quando nasci, um anjo torto / desses que vivem na sombra / disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.” (Carlos Drummond de Andrade)
Dizer de alguém que é uma pessoa “direita” é elogiá-la. Fazer algo “direito” é fazer bem feito. Etc...
Portanto, carregamos inconscientemente a associação da palavra “esquerda” com o que é errado, ruim.
3) Origem histórica do termo na política
Em termos políticos, contemporaneamente, a divisão entre direita e esquerda originou-se do posicionamento dos parlamentares na Assembleia Nacional durante a Revolução Francesa. Os conservadores, defensores do Antigo Regime, ficavam à direita, enquanto os que queriam mudanças (mais ou menos radicais, conforme os diferentes grupos) sentavam-se à esquerda.
Naquele período de grande efervescência, havia uma enorme variação dentro da escala político-ideológica. O pensamento mais conservador era o dos que defendiam a manutenção de uma monarquia de direito divino, ligada à Igreja Católica. Defendiam uma sociedade teocêntrica e altamente hierarquizada. Esses poderiam ser chamados de “extrema-direita”.
No extremo oposto, estavam os anarquistas. Na Revolução Francesa, a vitória final foi do centro – composto majoritariamente pela burguesia em ascensão.
Portanto, na origem histórica contemporânea dessa divisão política, o direitista extremo era o defensor da monarquia de direito divino, com sociedade altamente hierarquizada e Estado (na pessoa do soberano) forte, absoluto. O esquerdista extremo era o anarquista, aquele que defendia a eliminação de todo governo e a liberdade individual total.
Eliminada a monarquia de direito divino com o desenrolar da Revolução Francesa (e suas idas e vindas pendulares), o que a subsistiu foi a república burguesa. E assim, nessa evolução histórica, a república burguesa (esquerda em relação ao Antigo Regime) passou a ocupar o lugar mais à direita no espectro político. Eliminavam-se os privilégios da nobreza, mas não em favor do povo e sim da burguesia (detentora de um ascendente poder econômico).
No século 20, a Revolução Russa fez do socialismo comunista capitaneado pela União Soviética o representante mais à esquerda em relação à república burguesa. Nesse sistema bipolar, era fácil alguém localizar-se politicamente pelo alinhamento com o “Ocidente” (o capitalismo estadunidense) ou com o “Oriente” (o socialismo soviético).
4) Liberdade x Igualdade
Buscando-se o lema da Revolução Francesa – “Liberdade, Igualdade, Fraternidade” – pode-se definir grosseiramente o dilema entre os dois regimes da Guerra Fria como a prevalência da Liberdade sobre a Igualdade (caso do capitalismo) ou da Igualdade sobre a Liberdade (caso do socialismo). Do ponto de vista econômico, no capitalismo, todos devem ter a liberdade de fazer o que quiserem – o que gera grandes desigualdades; no socialismo, todos devem renunciar a grandes parcelas de liberdade em benefício da igualdade.
No atual panorama mundial, as coisas já não são assim tão simples e dicotômicas. Na situação pré-Revolução Francesa, a defesa da monarquia católica de direito divino estava acompanhada da adoção da moral cristã, enquanto a anarquia pressupunha também a libertação em relação à moral religiosa. O Estado forte da “direita” defensora do Antigo Regime englobava a vigilância da moral – e, portanto, a limitação das liberdades individuais em nome dessa moral (no caso, a moral católica). Contemporaneamente, o liberalismo econômico não esteve necessariamente atrelado ao liberalismo moral. Se a república burguesa decepou o topo da pirâmide (a nobreza) em favor de um regime econômico menos engessado e uma hierarquia social com maior mobilidade e menor desigualdade, sua moral manteve-se bastante atrelada à moral cristã.
Relativamente ao Antigo Regime (monarquia absoluta de direito divino), a república burguesa estava à esquerda. Mas, em relação ao socialismo soviético, passou a representar a posição conservadora e mais à direita. Assim, grupos economicamente “conservadores” (da república burguesa), que pregam a liberdade econômica, são normalmente também conservadores do ponto de vista moral (quando pareceria normal defenderem a liberdade individual também nesse ponto). E nem mesmo a esquerda economicamente coletivista, no socialismo real (ou seja, em países nos quais se adotou um regime comunista), livrou-se da moral burguesa. Já os grupos de esquerda em países capitalistas são mais tendentes a rechaçar a moral judaico-cristã, defendendo a liberdade individual do ponto de vista moral (embora – contradição – o socialismo, do ponto de vista econômico, pregue a restrição à liberdade em favor da igualdade).
Obviamente, a extensão deste texto exige uma abordagem muito simplificada (e, portanto, um tanto simplista), mesmo porque a gradação de posições políticas e morais é muito ampla e variada para se classificar apenas em “esquerda” e “direita”. Nessa simplificação, pode-se dizer que, nas condições de hoje, quanto mais tendente à máxima liberdade econômica individual (e, portanto, à mínima intervenção estatal no sistema econômico), tanto mais “de direita” será a pessoa. E, no sentido contrário, quanto mais tendente a apoiar a intervenção estatal para o controle da economia (de modo a favorecer o interesse coletivo em detrimento dos interesses individuais), tanto mais “de esquerda”. No âmbito moral, será tão mais “direitista” quem mais defender o respeito às regras morais judaico-cristãs (família tradicional, repressão à sexualidade, proibição do uso de drogas etc. – ou seja, o controle das ações morais individuais). E tão mais “esquerdista” será quem mais defender a liberdade individual nessas questões. Ou seja, há uma flagrante contradição entre a defesa da liberdade econômica e da liberdade moral individual nos conceitos atuais de “direita” e “esquerda”.
O Estado forte, que cerceia as liberdades individuais, existia na monarquia absolutista. E também na ditadura do proletariado. E no regime militar brasileiro (estatizante e nacionalista). Hoje, a defesa do Estado intervencionistas é pauta da esquerda.
Nesse panorama um tanto confuso, há os “liberais autênticos”, que adotam a defesa tanto da liberdade econômica quanto da liberdade individual, argumentando ser essa uma posição mais coerente do que a posição “conservadora” tradicional da “direita”, uma vez que repudiam a intervenção estatal tanto na economia quanto no controle das liberdades individuais.
Pois é, as coisas não são tão simples… Hoje, no Brasil, um partido teoricamente “de esquerda”, como o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira, vejam só o nome!) defende as privatizações, pauta tipicamente de direita.
Na política brasileira, quais partidos são de direita ou de esquerda? Teoricamente, a resposta deveria estar nos programas partidários. Mas a realidade é que o comportamento dos políticos frequentemente tem muito pouco a ver com os programas partidários. Na quase totalidade, os partidos brasileiros são amontoados de gente com sede de poder, sem real interesse programático. A ponto de partidos com programas francamente de esquerda, chegando ao poder, tomarem atitudes abertamente “direitistas”. Seria muito bom se os eleitores conhecessem os programas partidários e passassem a cobrar dos políticos ações coerentes com os programas de suas agremiações. Alás, ler os programas pode assustar muita gente...

Wednesday, June 22, 2016

A tirania da publicidade

"Para reduzir a humanidade à escravidão, a publicidade escolheu a dissimulação, o jeitinho, a persuasão. Vivemos no primeiro sistema de dominação do homem pelo homem contra o qual até a liberdade é impotente. Ao contrário, ele aposta tudo na liberdade, é este seu maior achado. Toda crítica lhe dá o bom papel, todo panfleto reforça a ilusão de sua tolerância melosa. Ele submete a todos com elegância. O sistema atingiu seu objetivo: até a desobediência se tornou uma forma de obediência."
("$29,99" - Frédéric Beigbeder)

Tuesday, June 21, 2016

A importância da arte

Belíssimo texto publicado pelo Alessandro Wainer:

Em 1993, Susan Sontag foi a Sarajevo. A cidade estava destruída por causa da guerra. Ninguém estava seguro na Bósnia.
Ela pensou que iria ajudar a carregar sacos de cimento, cuidar de doentes, enfim, dar pão a quem não tinha.
Mas não.
Pediram que ela montasse uma peça de teatro. Ela escolheu Esperando Godot, de Becket.
Por que pediram que ela montasse uma peça de teatro?
- Não somos animais.
Foi o que disseram.
Não consigo pensar nessa história sem que venham lágrimas aos meus olhos.
- Não somos animais - disseram em Sarajevo, em 1993.
E nós, cá no Brasil, em 2016? O que somos? O que queremos ser em 2026?
E daí, nessa hora, eu penso: não, a arte não está no topo da pirâmide de Maslow. Tampouco está na base. A arte deve permear tudo, cada um dos degraus. De outra forma, até as necessidades mais essenciais, como comer, beber, dormir e cagar, serão feitas como se fôssemos animais.

Monday, June 20, 2016

O hábito não faz o monge, farda não impõe caráter

Atenção, Senhoras e Senhores: o hábito não faz o monge. FARDA NÃO IMPÕE CARÁTER. Militares não são seres impolutos apenas por usarem farda. Ao longo da história, em todas as épocas e lugares, militares foram responsáveis por perpetrar os maiores crimes da humanidade, em qualquer regime, em todos os continentes. Eles podem ser úteis (e são, efetivamente, muitas vezes), caladinhos no canto deles, cumprindo a função de garantir a segurança, sem se meter em política. SEMPRE que se metem, dá merda.

Sunday, June 19, 2016

DIVAGAÇÕES DE UM VIAJANTE

- A grande diferença entre um povo civilizado e outro nem tanto é o espírito de coletividade. Os brasileiros são essencialmente individualistas. Essa é uma das raízes da corrupção, já que qualquer atitude em benefício próprio (ou daqueles que são próximos) é vista com complacência, como aceitável. "Farinha pouca, meu pirão primeiro", "Achado não é roubado" são ditos populares que indicam esse espírito anticoletivo. É uma das grandes diferenças entre o Brasil e a Suíça, por exemplo (lá, o normal é pensar primeiro no bem coletivo).

- O ser humano é porco por natureza. Suja tudo. Mas é notável a diferença de limpeza nos locais públicos de sociedades civilizadas e outras menos. As cidades brasileiras são muito sujas em comparação com várias grandes cidades do hemisfério norte.

- O fumante é exceção: é porco em qualquer lugar. Não encontrei cidade no mundo onde as bitucas de cigarro não emporcalhem locais públicos. Fumante é uma desgraça mundial.

- Câmbio de moedas não tem lógica.

- Mendigos e moradores de rua estão por toda parte.

- Imigrantes trabalhando em subempregos estão por toda parte.

- A reciclagem é obrigatória em muitos locais, e as pessoas estão acostumadas com ela. Alguns países adotam multas para quem mistura o lixo.

- Em alguns países, não há sacolas descartáveis nos mercados. Ou os clientes levam as próprias sacolas, ou têm que comprar sacolas permanentes no mercado. Há países em que as sacolas estão disponíveis, mas são cobradas por unidade utilizada.

Saturday, June 18, 2016

As correntes que arrastamos...

"Queremos transformar o mundo e somos incapazes de nos transformar a nós próprios. Queremos ser livres, fazer a nossa vontade, e a todo o momento arranjamos desculpas para reprimir os nossos desejos. E o pior é que nos convencemos com as nossas próprias desculpas, deixamos de ser lúcidos. só covardia. É medo de nos enfrentarmos, é um medo que nos ficou dos tempos em que temíamos Deus, ou o pai ou o professor, é sempre o mesmo agente repressivo. Somos uns alienados. O escravo era totalmente alienado. Nós somos piores, porque nos alienamos a nós próprios. Há correntes que já se quebraram mas continuamos a transportá-las conosco, por medo de as deitarmos fora e depois nos sentirmos nus."
(Do romance "Mayombe", de Pepetela)

Friday, June 17, 2016

Cuidado ao usar a palavra "bagatela"

"Bagatela: Coisa de pouco valor."
Se você for escrever uma frase como: Pagou a "bagatela" de R$ 2 mil no almoço, use sempre "bagatela" entre aspas, para indicar que é ironia. Porque, numa construção como essa, só cabe a palavra "bagatela" como ironia. Bagatela, no sentido próprio, significa coisa de pouco valor, quantia baixa, ninharia.
Tenho visto dezenas de frases em que se usa a palavra como se ela tivesse o sentido oposto do seu sentido próprio - e sem qualquer indício de ironia.

Thursday, June 16, 2016

PÉROLAS NA FACULDADE DE DIREITO

Na aula de Direito, o professor insiste com os alunos para que escrevam tudo em vernáculo. Quer que os futuros advogados não se deixem contaminar com hábitos arcaicos do mundo jurídico. Vendo um aluno com cara de dúvida, pergunta se ele entendeu. O aluno responde: "Entendi, professor! A gente tem que escrever os documentos jurídicos bem ordenados, como na Bíblia: capítulos, vernáculos..." 
* * *
O professor de Direito discorre sobre o arcabouço jurídico brasileiro. Percebe um aluno com "cara de interrogação". E pergunta: "Você está entendendo o que eu estou dizendo? Entende o que é arcabouço?" O aluno responde: "Sim, professor, era aquele porão dos castelos onde eles punham os prisioneiros."

Wednesday, June 15, 2016

Curiosidades sobre... mim

Entrei na brincadeira do Facebook que incentiva as pessoas a contarem algumas "curiosidades" sobre si. Seguem algumas minhas, se é que interessam a alguém...
1) Fui católico tradicionalista (fanático) por uns 15 anos. Hoje, não frequento nenhuma igreja, tenho minha fé particular e discordo de várias coisas na Igreja Católica. Mas ainda sei todas as orações de cor em latim. E rezo regularmente, uso escapulário e medalhas religiosas e frequentemente carrego comigo um terço. Entretanto, tenho certa ojeriza a pregações religiosas. Por minha experiência pessoal, me arrepia o fanatismo, bem como a adesão a rituais e comportamentos automatizados sem base racional.
2) Na infância e na juventude, fui atleta e pratiquei inúmeras modalidades esportivas. Ganhei medalhas de natação, handebol, vôlei, futsal, futebol e xadrez, além de participar de competições de atletismo e basquete. Também fiz judô, karatê-do tradicional, karatê kioko shin kai e taekwondo. Parei de praticar esportes há poucos anos, depois de descolar o ombro jogando futebol, o que me obrigou a fazer artroscopia e seis penosos meses de fisioterapia. Atualmente, só esteira para não ficar sedentário.
3) Quando criança, antes de mudar-me para a capital (com 14 anos), vivi muito ligado à vida rural. Meus avós maternos tinham fazenda a 6 km da minha casa (que ficava no centro da cidade), e meu pai tinha um sítio a seis quadras de casa (propriedade rural colada na cidade, no final da rua em que morávamos). Hoje, sou extremamente urbano – achou que teria grande dificuldade em viver fora de uma metrópole.
4) Atividades da minha infância “rural” incluíam abater animais. Fiz isso com minhas próprias mãos incontáveis vezes com aves e participei do abate e preparação de animais para consumo (porco, boi, cabra e até uma paca). Hoje, me horroriza a ideia de matar um frango como eu fazia quando era criança.
5) A vida “rural” também tinha suas agruras: levei muitos tombos de cavalo e fui vítima de sanguessuga, carrapato, bicho-de-pé e berne.
6) Durante os 15 anos em que fui militante católico, vivi de doações, e todos os meus pertences cabiam em uma única mala. Nas minhas missões em viagem, houve algumas noites em que eu não tinha onde dormir e pouco que comer. Cheguei a passar fome e dormir dentro de um Fusca algumas vezes. Dormir em saco de dormir, no chão, tomar banho de caneca e comer refeições doadas também foram parte da rotina de muitas dessas viagens.
7) Morei pelo menos dois anos em outras três capitais, além de Curitiba: São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador.
8) Gosto de estudar línguas – tenho certificados de proficiência em inglês e francês, me viro em espanhol e estou aprendendo italiano, mas tenho uma imensa dificuldade de ouvido. Meu grande problema é na compreensão da fala, em qualquer língua (menos português).
9) Aliás, tenho certa obsessão por estudo. Ingressei em cinco cursos superiores (Medicina, Direito, Jornalismo, Odontologia, Psicologia), fiz três especializações, mestrado e doutorado. E já estou incomodado por não estar cursando nada neste semestre.
10) Na juventude, viajei bastante de carona – de carro, caminhão e até avião. Por incrível que pareça: eu ia ao aeroporto, falava com os pilotos e pedia carona. Consegui algumas vezes. Também viajei de carona em voos do Correio Aéreo Nacional.
11) Sou extremamente fraco para bebidas, por isso, bebo pouco. Beber muito, para mim, é chegar a duas garrafas de cerveja (raríssimo). Nunca fiquei bêbado, nem experimentei drogas ilícitas – não por caretice (sou favorável à liberação do uso), mas porque tenho repulsa à ideia de perder o autocontrole. Gosto especialmente de cervejas artesanais, gin e alguns licores (Cointreau, Chartreuse, Bénédictine etc.). De resto, experimento qualquer bebida, mas sempre em pouca quantidade.
12) Adoro viajar. Viajo sempre que posso, geralmente sozinho. Mas não curto as viagens tipo excursão de turista. Prefiro ficar mais tempo num só lugar que percorrer vários em poucos dias. Quando viajo, ando muito a pé. Sou andarilho, gasto a sola do sapato andando pelas cidades que visito. E adoro visitar lugares com neve.
13) A arte sempre fez parte da minha vida. Literatura, poesia, teatro, cinema, música, pintura, dança... E não apenas como “consumidor”. Escrevo contos, romances e poemas, aprendi um pouco de piano (consigo tirar músicas não muito difíceis) e violão (não toco mais), sou ator profissional (adoro o palco e a câmera!), já participei de corais, até me arrisquei em aulas de flamenco (parei porque era muito difícil) e fiz também aulas de pintura em óleo sobre tela (não levo jeito pra isso). Tive uma obra de assemblage selecionada para uma mostra coletiva. Uma das coisas que ainda pretendo fazer na vida é aprender a dançar. Meu primeiro livro individual de poemas vai ser lançado em breve.
14) Não tenho medo de mudanças, não gosto de ficar muito acomodado, tenho dificuldade com rotina prolongada. Já mudei radicalmente de vida duas vezes, deixando tudo para trás e começando uma vida completamente diferente. Saí de casa com 17 anos, apenas com a roupa do corpo. Aos 32 anos, larguei a vida anterior e comecei tudo de novo, praticamente do zero. Não tenho problemas em mudar tudo e recomeçar, a estabilidade não está entre meus valores principais.
15) Tenho pouquíssimos amigos próximos. Sei que em geral a primeira impressão que causo não é favorável, pois várias pessoas que se aproximaram de mim já disseram que “de perto” sou bem melhor do que pareço. Talvez isso se deva a meu passado de “luta contra o mundo”, que me fez criar um escudo de aparência inamistosa e beligerante – procuro superar isso, mas não é fácil.
16) Assisto a muitos filmes e séries, leio bastante e sou capaz de chorar copiosamente numa passagem triste no livro ou na tela. Aliás, algumas músicas também me fazem chorar.
17) Sou pessimista em relação à humanidade, em geral atrasada e primitiva, embora eu saiba que há muitas almas elevadas que dignificam isso de ser humano. Ver alguns horrores que aparecem na internet me deprime. Evito assistir a vídeos de desgraças humanas – se acontece por acaso, posso ficar mal por vários dias.
18) Rejeito ideologicamente coisas como racismo, homofobia, machismo (e tenho que lutar cotidianamente contra as tendências culturais e sociais do meio que me puxam para atitudes em sentido contrário a essa rejeição). Incluo nessa lista o chauvinismo e certo patriotismo. Fronteiras são convenções, não acho que qualquer “estrangeiro” seja melhor ou pior por haver nascido em outro país, sinto-me irmão de todos. Fico irritado, por exemplo, quando vejo gente falando mal do Paraguai e colocando o adjetivo “paraguaio” no que é ruim (mesma atitude que algumas pessoas do hemisfério norte têm em relação aos brasileiros).
19) Medo é um sentimento muito raro em mim. Mas tenho horror de brinquedos radicais do tipo montanha-russa - pra mim, não são diversão, mas tortura.
20) Acumulo papel. Mas estou vencendo esse hábito. De vez em quando, consigo jogar fora sacos de papeis velhos, como contas pagas. Recentemente, me desfiz de uma pilha enorme. Tinha contas guardadas há mais de 15 anos! Isso engloba livros: tenho grande dificuldade de desfazer-me dos meus, mas também estou conseguindo me desapegar e tenho doado muitos. Por outro lado, há um papel que não consigo acumular: dinheiro. Não sou "guardião de tesouro". Se tenho, gasto; se não tenho, não gasto. Mas agora também estou lutando para guardar alguma reserva.
21) Tenho daltonismo leve. Fico indignado com designers que não pensam nos daltônicos e utilizam cores que nos confundem (como vermelho e verde: nunca as coloquem juntas, por exemplo, num gráfico ou num mapa, por favor!).
22) Tenho certa queda por gente fora do comum, alternativa, fora da casinha, párias etc.
23) Sou uma metamorfose ambulante, cheio de contradições. E não me sinto nem um pouco mal por isso.

Tuesday, June 14, 2016

Futebol e mau caráter

A par da nossa seleçãozinha vergonhosa (que provavelmente se livrou de ser massacrada pela Colômbia), o cara que fez o gol com a mão devia ser o primeiro a pedir desculpas e avisar o árbitro. Porque jogar mal é ruim, mas sustentar o mau caráter ante o mundo inteiro é nojento.

Monday, June 13, 2016

Alguém pode existir para um único ato?

Sensacional o episódio de Game of Thrones com as revelações sobre Hodor.
A vida de uma pessoa pode ser justificada por um ato específico para o qual ela foi criada?
Alguém pode viver toda sua vida em função dessa hora específica em que cumprirá sua missão, que é parte de um "plano" maior?
Questões filosóficas interessantes...