Tuesday, January 22, 2013

Lições de Jornalismo


Para não perder o hábito, vamos lá: lições a partir da Gazeta do Povo (esportiva) de domingo (20/01).

1) "Cenário que para os paranistas endossa o status de um dos 'times a ser batido'."
Bem, aí está mais um erro de concordância verbal. O verbo precisa concordar com o sujeito, regra básica da nossa língua no nível formal. Então, o correto é: "um dos times a serem batidos".

2) "Após três meses de preparação, onde o time enfrentou uma sequência de amistosos, ...."
Isso me dói nos olhos e nos ouvidos. Por favor, aprendam de uma vez por todos: ONDE sempre se refere a um LUGAR. Como "três meses de preparação" não é um lugar, não cabe usar o onde aqui. "Três meses" é tempo. Portanto, o correto seria usar "quando" e não onde. Ou então, "durante os quais".

3) Agora, uma lição de bom jornalismo: a reportagem "Terra estéril", de Leonardo Mendes Júnior, sobre a situação do futebol no Norte Pioneiro do Paraná. Numa época em que as pautas factuais sobre futebol estão raras, com os campeonatos estaduais apenas começando, uma reportagem desse gênero cai muito bem. E não só nessas épocas: com a concorrência do imediatismo de outros veículos, uma das alternativas para o jornal impresso é buscar esse tipo de material, diferente, exclusivo, mais aprofundado. Muito boa a entrevista com o Serafim Meneghel. E o texto sobre o De Sordi é um belo exemplo de texto bem trabalhado, de um jornalismo longe do factual e mais literário, que tem informações relevantes, mas se destaca sobretudo pela qualidade da redação. Pus o link para a matéria AQUI. Na versão impressa, o título é de revista: apenas "Terra estéril".

4) Por fim, um apelo aos colegas de rádio e TV: por favor, não maltratem ouvidos francófilos (como os meus) chamando a torre Eiffel de "Êifel". A sílaba tônica é a última (aberta), não a primeira (fechada).

Monday, January 21, 2013

Amor x razão...


Por que às vezes o amor parece tão irracional? Simples: a razão é limitada, mas não a paixão. Há muitas coisas que os limites da nossa inteligência não conseguem abarcar. O amor, entretanto, não tem limites. Por isso, transcende a razão. Não há quem não tenha conhecido um ato de amor irracional. Da mãe que se imola para proteger o filho. Do pai que faz loucuras pela prole. Do coração apaixonado que se anula pelo bem de quem ama... Nossa complexa natureza comporta um cérebro estreito e um largo coração!

Na Gazeta do Povo (esportiva) de hoje...


CUIDADO COM AS METÁFORAS...
É preciso ter cuidado para utilizar metáforas no texto. Podem sair coisas muito engraçadas. Como esta: "... o Tricolor quebrou esse indigesto jejum..." Dei muita risada ao ler! Um "jejum indigesto"? Só rindo mesmo!
Outra: "O pênalti muito mal batido [...] coroou uma tarde em que nada deu certo para o atacante." Quem quer essa coroa do reino da desgraça? Rsrsrsrsrsrs....

DE NOVO, A CONCORDÂNCIA VERBAL
E continuam a aparecer os problemas de concordância verbal. É bom repetir: pela regras da Língua Portuguesa formal, o verbo deve concordar com o sujeito. Não foi o que aconteceu mas frases seguintes: "As polêmicas e trocas de notas oficiais no ano passado deixaram várias arestas a ser [SEREM] aparadas pelos cartolas." "Ao proibir os jogadores e a comissão técnica de falar [FALAREM] antes, durante e após o jogo..."

Sunday, January 20, 2013

Afonso Pena: aeroporto "internacional"?


Êta, província... Olha só o título de extensa matéria da Gazeta do Povo de ontem, sexta-feira: "Na contramão do país, Afonso Pena tem queda de passageiros".

Nosso glorioso Aeroporto Internacional Afonso Pena (que título pomposo!), em vez de crescer, diminui... As reforminhas (insuficientes) previstas para a Copa vão a passo de tartaruga - e ainda não incluem a imprescindível terceira pista.

Sabe quantos voos internacionais diretos tem o Afonso Pena? Apena UM! Sim, isso mesmo, nosso aeroporto internacional tem um único voo internacional direto, da Gol, para Buenos Aires.

Para nomear adequadamente nosso aeroporto, deveríamos chamá-lo de Aeroporto Internacional-com-escala-em-Cumbica Afonso-Pena...

A sutil opinião...


A coluna "Notas Políticas" da Gazeta, cuja responsável é Caroline Olinda, mas que está sendo feita interinamente pelo ótimoRogerio Galindo, publicou na sexta-feira a seguinte nota:

O ministro do STF Ricardo Lewandowski recebeu um “voto de solidariedade” da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) pela “dedicação, independência e imparcialidade” que teria demonstrado na corte. Lewandowski é professor titular da faculdade e teve sua atuação no STF em evidência em 2012 como revisor da ação penal do mensalão, a maior já julgada pelo tribunal. Ao contrário de Joaquim Barbosa, relator do processo, que foi rigoroso com os réus, Lewandowski pediu a absolvição de vários acusados que acabaram condenados.

OK, normal, é uma nota informativa. É o título que lhe dá um sabor diferente. A opinião está no título. São essas sutilezas do jornalismo que o fazem tão interessante! Esse tipo de coluna, na classificação de Marques de Melo, é "mista", ou seja, informativa e opinativa, pois mescla textos estritamente informativos com pílulas de opinião.

Ah, o título! Ei-lo: "Alguém gostou". Que tal?

As dívidas da Prefeitura de Curitiba e o "argumento" de Ducci


Nosso querido ex-prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, pelo visto, gosta de uma piadinha, né? Gustavo Fruet noticiou que assumiu a prefeitura com R$ 330 milhões de dívidas.

A cada pedaço da dívida que é divulgado, como aconteceu com a coleta de lixo (pagamento atrasado há seis meses!), Ducci responde: "Bastam 15 dias de arrecadação para cobrir essa dívida".

Tá bom. Então, é só o Fruet cruzar os braços e ficar esperando15 dias, depois mais 30, depois mais 60... e assim por diante, até a arrecadação cobrir todos os R$ 330 milhões?

Fazendo as contas com base no "argumento" de Ducci para a dívida do lixo, é só Fruet esperar 361 dias de arrecadação que todas as dívidas serão pagas...

Rir ou chorar? O mais incrível é ter que ouvir essa espécie de "argumento" de quem já foi prefeito da capital paranaense.

É claro que um prefeito não deve deixar dívidas de sua gestão para a gestão seguinte. Mas este é o problema da reeleição: o prefeito candidato se endivida para fazer obras que o ajudem na reeleição - mas, se não é reeleito, quem paga a dívida é o prefeito seguinte.

Emprego do "e" em enumerações


Lição de redação de hoje, a partir de uma frase da Gazeta do Povo:

"Para evitar o colapso, ainda no ano passado, as empresas começaram a reduzir a oferta de assentos, rotas e a demitir funcionários."

Percebem o erro? Tenho visto esse problema em muitos textos. Não há razão para "economizar" o "e" quando ele se faz necessário. São enumerações diferentes - ambas exigem o "e".

Dissecando... Primeira enumeração: ...começaram a: 1) reduzir a oferta; 2) demitir. Segunda enumeração: ... reduzir a oferta de: 1) assentos; 2) rotas.

Portanto, a frase deveria ser escrita assim: "... as empresas começaram a reduzir a oferta de assentos e rotas e a demitir funcionários."

Entendido?

Declaração infeliz...


Uma incrível declaração de Leopoldo Jorge Alves Neto, um dos líderes da juventude do PT que participou do já célebre jantar (frango com polenta) para arrecadação de dinheiro destinado a pagar as multas dos condenados no processo do Mensalão:

"O projeto do partido é que foi julgado. Então a gente achou importante ajudar os companheiros."

É mesmo, senhor Alves Neto? Então, os ministros do STF não julgaram crimes de corrupção, mas o projeto do partido? Nesse caso, compra de votos de deputados faz parte do projeto do partido?

Francamente...

VIOLÊNCIA E VINGANÇA, A ESTUPIDEZ...


Dia desses, vi na TV o filme "O Reino". Sinopse: uma colônia de trabalhadores americanos na Arábia Saudita sofre um ataque terrorista que mata 100 pessoas, entre elas um agente do FBI. Uma equipe de agentes especiais vai dos EUA até lá para investigar. Descobrem o líder terrorista idealizador do atentado, encontram-no e o matam.

Nada de excepcional. Entretanto, o final do filme chama a atenção e faz com que ele seja diferente de tantos outros parecidos. No início do filme, o chefe dos agentes anuncia a morte dos americanos, entre eles o homem do FBI. Uma mulher (que tinha algum relacionamento especial com o morto) começa a chorar, O chefe da missão se aproxima dela e diz alguma coisa no seu ouvido para consolá-la. Já quase no final, após os americanos atingirem o líder terrorista (que estava num apartamento com sua família), sua neta se aproxima e ele cochicha algo no seu ouvido antes de morrer.

O desfecho do filme alterna duas sequências, uma nos EUA e outra na Arábia. Alguém pergunta ao agente chefe da missão o que ele havia cochichado no ouvido da mulher (lá no início do filme) para consolá-la. Na Arábia, alguém pergunta à neta do terrorista o que ele lhe disse antes de morrer. As respostas são idênticas: "Disse que não se/me preocupasse, porque nós iríamos matar todos os responsáveis por isso".

Essa é a estupidez da guerra, que a faz interminável. Não interessam as razões do outro lado, o inimigo deve ser destruído - ele é o "errado", nós somos os "certos". E isso simplesmente não se discute.

Essa visão maniqueísta perpetua a violência, em todos os níveis. Por isso, achei lamentável aquela manifestação supostamente anti-homofóbica feita na PUCSP que incitava o ódio ao papa e simulava sua decapitação. É sempre ódio contra ódio, não importam as razões. Os que odeiam tornam-se odiáveis. Qualquer diálogo é impossível. E nenhum lado percebe que a incitação do ódio alimenta as "razões" do inimigo. E, assim, a guerra não tem fim.

Título confuso!


É pra rir ou pra chorar?

Olha só o título de uma notícia do Yahoo:

"Após morte, Zezé Polessa é denunciada"

O Estado não deve tutelar a moral individual


Fico enojado com notícias como a deste link (aqui). A meu ver, tem o ranço mais obscurantista possível. Não cabe ao Estado tutelar a moral individual. Quem acredita que livros presentes nas livrarias atentam contra crianças e adolescentes? Ridículo.

Tenho horror à censura. Se uma criança ou adolescente estiver sozinha, sem seus pais ou responsáveis, e entrar em uma livraria para matar a curiosidade de folhear o tal "50 tons de cinza", então, aí estaria pelo menos uma coisa boa que esse livro (que, ao que tudo indica, é de baixíssima qualidade literária) terá feito!

Nenhum criança ficará moral ou mentalmente prejudicada por folhear em público um livro em uma livraria. Felizmente, não estamos no tempo nem no lugar em que "iluminados" que se julgavam donos da moral e da verdade promoviam fogueiras públicas de livros "imorais". Mas, tristemente, de tempos em tempos ressurge, cá e lá, um ou outro retrógrado ávido por publicar seu "index librorum prohibitorum".

Ó horror, ó infâmia, ó ignorância. Uma sociedade de censura, na qual o Estado julga ter o papel de tutelar a moral individual, está podre. Um horror!

Mais erros em jornal


Foi só o governo anunciar (para minha decepção) a prorrogação para a entrada oficial em vigor da nova ortografia que a nossa querida Gazeta já começou a deixar de lado as novas regras de uso do hífen. Na mesma página da edição de 16/01 (p. 24 - Mundo), há dois títulos com problemas:

"Estado de Nova York aprova leis anti-armas"

"Mega-engavetamento"

Pelas "novas" regras, não se deve utilizar o hífen nesses casos.

Como entender a diretoria do CAP?


Estupidez. Não vejo como classificar de outra forma a atitude dos dirigentes do Atletico Paranaense em não aceitar a verba de 1,1 milhão oferecida pela TV para transmissão dos jogos do time no Campeonato Paranaense.

Se fosse parte de um movimento organizado dos clubes, tudo bem. Mas a atitude isolada não traz NENHUM benefício para o clube. A TV não vai aumentar as verbas por isso. Consequências:torcedores frustrados e furiosos porque não poderão ver os jogos do time, diminuição no número de torcedores, pouca divulgação do time no interior, descontentamento de patrocinadores que não terão suas marcas expostas na TV.

Será que os dirigentes têm medo antecipado do possível fiasco do time tri-vice no Paranaense? Time que subiu para a série A nacional a duras penas, conseguindo a penúltima vaga, na último rodada, no sufoco! E que até hoje não tem NENHUM REFORÇO.

R$ 1,1 milhão poderia garantir pelo menos um reforço razoável... Equivale a 1.309 sócios pagando mensalidade integral durante um ano!

Onde essa diretoria arrogante está com a cabeça? Acham que o time trivice e recém-saído da série B vale mais do que os outros? Com base em quê?

"Orientação" sexual e não "opção"


Mexendo em arquivos antigos, achei este texto (Gazeta do Povo, 29/03/2011, Vida Pública – Coluna de Reinaldo Bessa):

“O que nos preocupa é o incentivo à escolha sexual da criança ainda em fase de crescimento.” Da deputada Mara Lima, evangélica, que ontem protestou na Assembleia contra a distribuição nas escolas de kits do Ministério da Educação condenando a homofobia.

É muita ignorância da deputada, não? Falar em "escolha sexual"... É o problema de muita gente que pretende debater temas que não conhece, com base apenas nos seus pré-conceitos, gerando debates desqualificados. Não existe "escolha sexual". Pergunte a um heterossexual quando ele "escolheu" ser hetero - ele provavelmente vai rir e dizer que nunca precisou escolher. Não é uma questão de "escolha". Ou a pessoa é homossexual ou não é, não escolhe, assim como acontece com os heterossexuais.

Ah, essas sinopses...


Humm... Deve ser difícil escrever sinopses de filme, né? Olha só a sinopse de "Intocáveis" que tem saído na Gazeta:

"Um rico aristocrata que vive em uma mansão em Paris fica tetraplégico em um acidente e contrata um jovem para auxiliá-lo. Os dois acabam tornando-se grandes amigos e EMBARCAM NUMA GRANDE AVENTURA."

O destaque é meu. Não me lembro de eles terem "embarcado numa grande aventura" no filme. Mas certamente me lembro de ter visto essa mesma frase em outras quinhentas sinopses...

Sunday, January 06, 2013

Jornalismo: discurso em terceira pessoa

Aproveito um trecho da Gazeta do Povo de hoje (06/01) para dar uma dica sobre redação jornalística.

Segue o trecho:

Nesta semana, o dirigente declarou, em entrevista à rádio Banda B, que "ainda não fomos atrás de contratações, estamos esperando a reapresentação do elenco e analisando a questão dos jogadores que estão acabando seus contratos. Depois disso, vamos em busca de reforços."

Há no trecho uma mistura indevida de discursos em terceira pessoa (a voz do jornalista) e primeira pessoa (a do entrevistado). O narrador jornalista escreve em terceira pessoa. Não deve emendar ao seu discurso o discurso em primeira pessoa do entrevistado. É preciso "passar a palavra" ao entrevistado, utilizando, por exemplo, os dois pontos - assim, faz-se a transição adequada dos discursos. Deveria ficar assim:

Nesta semana, o dirigente declarou, em entrevista à rádio Banda B: "Ainda não fomos atrás de contratações, estamos esperando a reapresentação do elenco e analisando a questão dos jogadores que estão acabando seus contratos. Depois disso, vamos em busca de reforços."

Outra solução seria relatar o discurso do entrevistado em terceira pessoa. Como no exemplo que segue.

Nesta semana, Lopes declarou, em entrevista à rádio Banda B, que os dirigentes ainda não foram atrás de contratações, pois estão esperando a reapresentação do elenco e analisando a situação dos jogadores cujos contratos estão se encerrando. "Depois disso, vamos em busca de reforços", afirmou.

Espero ter conseguido ser claro. Futuramente, comentarei outra questão ligada a isso: o excesso de citações entre aspas que tem campeado nos jornais.

Trecho ininteligível da Agência Estado

Trecho de matéria publicada sábado na Gazeta (despacho da Agência Estado), sobre a divisão do Fundo de Participação dos Estados:

"A transferência do FPE é feita, desde 1989, da seguinte forma: 85% do total é repassado aos governos do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, e o restante para os estados do Sul e Sudeste. Em seguida, a maior parte desse dinheiro (95%) é distribuída conforme o produto da divisão do tamanho da população pelo inverso da renda per capita, e o restante (5%) segue o tamanho territorial do estado."

Entendeu? Eu não. Pode me explicar?

Erros de concordância

Na Gazeta do Povo de sexta-feira passada:

Capa: "58,9% dos eleitores de Curitiba ouvidos PELO Paraná Pesquisas souberam citar o nome do vereador no qual VOTOU em outubro de 2012."

Vida e Cidadania, p. 4: "A ampliação teve início em outubro de 2010 e ESTÃO SENDO FEITAS em etapas."

Deve ser efeito da ressaca das festividades de fim de ano...

Mais considerações sobre Língua Portuguesa

Mais algumas considerações sobre Língua Portuguesa a partir do nosso instrumento diário, a Gazeta do Povo.

Já escrevi aqui que a flexão do infinitivo é tema dos mais complexos da nossa língua - mas ele deve, em regra, ser flexionado para concordar com o sujeito.

Vejamos a chamada na capa da Gazeta para o artigo de Carlos Ramalhete: "Multidões de analfabetos funcionais lotam os bancos universitários e ganham seus canudos sem nunca ter lido um livro inteiro."

Fui conferir no artigo. Lá, está certo: "... sem nunca terem lido ...". No mínimo, curioso que na chamada tenham incluído o erro que não existe no artigo...

No mesmo artigo, um "erro" de regência que logo não será mais "erro", porque o uso já o está consagrando: "... após um processo judicial que implica em pilhas enormes de papel..." Esse "em" não deveria estar aí. Mas quase ninguém mais percebe, não é? Na fala cotidiana, a grandíssima maiorias das muito poucas pessoas que utilizam o verbo "implicar" o fazem com o "em" - que só caberia em determinadas construções, como: "O deputado foi implicado no crime".

Na Gazeta Esportiva, encontra-se a frase: "A moeda imobiliária é o crédito virtual concedido pelo poder público municipal para se construir imóveis de tamanho acima do estabelecido pela legislação municipal". Acho que todo mundo se lembra da regra: "... para se construírem imóveis ..."