Sou entusiasta das novas tecnologias da comunicação.
Considero a internet a mais fantástica criação humana em termos de tecnologia.
Uso redes sociais – o Facebook, especialmente. E me espanta perceber certas
faces do país que emergem do uso das redes. Leio muitas notícias na internet e
procuro prestar atenção aos comentários feitos nas redes sociais. Desse uso
cotidiano, não tenho, obviamente, um levantamento científico que possibilite
avaliar a frequência dos comentários por categorias. Mas o que vejo já é
suficiente para dar-me uma amostra assustadora das correntes de pensamento e de
comportamento que normalmente não apareciam tão abertamente antes das redes
sociais.
Vejo, a partir da internet, um país com grupos numerosos
de racistas, machistas, homofóbicos, defensores da ditadura militar brasileira,
fanáticos religiosos intolerantes e quejandos. E um tipo mais sutil: o dos que
não suportam o contraditório, que não conseguem ouvir qualquer opinião
contrária e são incapazes de mudar uma vírgula do seu pensamento, os “senhores
da razão”, apegados às suas verdades absolutas. Evidenciam-se nas redes sociais
grossos contingentes de pessoas com acesso à internet que gostariam que fosse
instaurado no Brasil um regime ditatorial, de repressão absoluta, com poderes
para julgar sumariamente e condenar à morte por qualquer crime, independentemente
do que reza a lei.
Já passei dos 50 anos e não
guardo mais medos, não vivo obcecado por segurança ou por garantia de futuro.
Estou convencido de que morrerei sem ver um Brasil decente. Mas sempre tive a
esperança de vislumbrar um futuro distante melhor do que os tempos amargos em
que vivemos. Essas manifestações grotescas que pululam tão numerosas nas redes
sociais têm diminuído minha esperança. Acredito cada vez menos em mudanças
consistentes que levem, em um passo que não seja de tartaruga, a um mundo mais
fraterno e solidário.
Talvez um cataclismo global, natural ou provocado pelo
homem, possa fazer surgir uma humanidade diferente. Tenho minhas dúvidas...
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