Thursday, January 06, 2011

O jornal que acredita nos governantes!

Um problema recorrente nos jornais é a elaboração inadequada dos títulos. O título de uma matéria deve ser a síntese perfeita do conteúdo principal da notícia. Embora pareça muito simples, não é raro haver deslizes, mesmo em grandes jornais.

Na edição de domingo, 2 de janeiro de 2011, da Gazeta do Povo, o mesmo erro é cometido duas vezes. Vejamos a manchete da capa, relativa à posse de Dilma Rousseff: “Combate à miséria será prioridade de Dilma”. E o título principal da página 12 do caderno Vida Pública, tratando da posse de Beto Richa como governador do Paraná: “Educação será maior prioridade no Paraná”.

O leitor é capaz de identificar o problema? Bem, a dica está no título deste post. O jornal afirma nos títulos quais serão as prioridades dos governos federal e estadual do Paraná. Ou seja, assume como verdade o que foi dito nos discursos de posse.

O título é redigido pelo jornal, é palavra do jornal. Portanto, é a Gazeta do Povo quem está afirmando taxativamente quais serão as prioridades dos governos. Ou seja, o jornal deu total crédito aos discursos de posse, em vez de indicar ao leitor que os políticos em foco é que disseram isso.

A solução é o jornal afirmar que as prioridades foram indicadas nos discursos - e não tomar os discursos como verdade. Os títulos poderiam ser, por exemplo: “Richa define educação como prioridade” e “Dilma afirma que combaterá a miséria”. Desse modo, o jornal apenas relata o que os empossados disseram, sem endossar o discurso deles.

O problema é grave, mas, infelizmente, repito: não é incomum. Pode ser “apenas” um erro jornalístico, como pode ser, também, a indicação de uma linha ideológica do jornal. Que cada leitor analise e tire suas conclusões...

2 comments:

eriel said...

como os cidadãos estão cada vez mais burros, só os inteligentes e/ou observadores percebem as nuances por você relatadas. Para a maioria, tudo isso tanto faz. Outro dia, dei R$ 20,00 para a moça da loja cobrar R$ 18,00 pela mercadoria que comprei e ela - como não é raro acontecer hoje - pegou a calculadora para ver quanto tinha que dar de troco... No final das contas, nossos irmãos brasileiros nem sabem o que é jornal, presidenta, educação, combate, prioridade, etc.

Tomás Barreiros said...

Bem, pelo menos os que têm o hábito de ler jornal podem prestar atenção e ser mais críticos quanto ao conteúdo...