Muito boa a piada do Casseta & Planeta sobre o caso da Uniban: “Diretor da Unitaliban passeia pelo pátio da universidade com ideias curtas”!
A propósito, matéria de agências noticiosas indica que não foi o primeiro caso de histeria coletiva na instituição. Um grupo de estudantes havia tentado linchar uma aluna de Educação Física, não pelo mesmo motivo que a universitária de minissaia.
Fontes entrevistadas na matéria dizem que “o ambiente do câmpus é muito hostil”.
Qual será o problema da Unitaliban?
Monday, November 16, 2009
Sunday, November 08, 2009
A “puta” e os “filhos da puta”
Estou indignado com o fato ocorrido na Uniban - universidade paulista onde uma aluna (Geisy Villa Nova Arruda) foi humilhada por estar supostamente vestida de modo inadequado. Vi no Youtube o chocante vídeo do alunos gritando “puta! puta!” quando a aluna saía escoltada por policiais.
Tentei escrever um artigo sobre o tema, mas o sangue me sobe à cabeça. Sou professor universitário há 11 anos e já vi muitas alunas vestidas igual à aluna da Uniban, ou mesmo com roupas menores e mais insinuantes. E elas nunca foram tratadas como a aluna da Uniban.
Pergunto-me o que levaram os estudantes daquela universidade a agirem do modo como agiram. Será aquela universidade um reduto de evangélicos radicais? De seguidores do taleban? De muçulmanos fundamentalistas? De fanáticos católicos medievalistas?
Será que os jovens da Uniban não fazem parte do universo de alunos de instituições particulares com os quais convivo há mais de dez anos? Gente que inicia sua vida sexual em torno dos 15 anos, que costuma “ficar” nas “baladas”, que tem uma liberdade sexual impensável há poucas décadas?
Vejo muitos jovens na praia, admirando belos corpos de mulheres seminuas, ao lado de suas irmãs e até mães, também elas com muito menos roupa do que a aluna rechaçada. Mas lá a hipocrisia social admite tais trajes como normais. Para mim, são tão normais quanto o são o vestido da aluna da Uniban.
Nada justifica a atitude dos alunos da Uniban. Nada. A não ser uma exacerbada hipocrisia social. Sinto-me enojado até em ter que discutir o tema. E mais indignado ainda fico ao saber que a direção da instituição resolveu expulsar a aluna! Espero que a estudante humilhada entre na Justiça contra a universidade e consiga um gorda indenização.
Tenho vontade de chamar os alunos da Unibam que humilharam a estudante de “filhos da puta”, mesmo qualificativo que gostaria de dirigir à direção da instituição. Mas não o faço, primeiro, porque as putas também têm sua dignidade, como todos os seres humanos, e merecem respeito. Em segundo lugar, porque as mães não podem pagar pelos pecados dos filhos.
O que mais me espanta é a terrível possibilidade que se pode vislumbrar a partir de um fato como esse: será que corremos o risco de caminhar para uma sociedade repressora dirigida por fanáticos, como acontece hoje em vários países do Oriente? Será que o Brasil pode tornar-se uma república fudamentalista por obra e (des)graça de grupos religiosos e/ou moralistas fanáticos?
Tentei escrever um artigo sobre o tema, mas o sangue me sobe à cabeça. Sou professor universitário há 11 anos e já vi muitas alunas vestidas igual à aluna da Uniban, ou mesmo com roupas menores e mais insinuantes. E elas nunca foram tratadas como a aluna da Uniban.
Pergunto-me o que levaram os estudantes daquela universidade a agirem do modo como agiram. Será aquela universidade um reduto de evangélicos radicais? De seguidores do taleban? De muçulmanos fundamentalistas? De fanáticos católicos medievalistas?
Será que os jovens da Uniban não fazem parte do universo de alunos de instituições particulares com os quais convivo há mais de dez anos? Gente que inicia sua vida sexual em torno dos 15 anos, que costuma “ficar” nas “baladas”, que tem uma liberdade sexual impensável há poucas décadas?
Vejo muitos jovens na praia, admirando belos corpos de mulheres seminuas, ao lado de suas irmãs e até mães, também elas com muito menos roupa do que a aluna rechaçada. Mas lá a hipocrisia social admite tais trajes como normais. Para mim, são tão normais quanto o são o vestido da aluna da Uniban.
Nada justifica a atitude dos alunos da Uniban. Nada. A não ser uma exacerbada hipocrisia social. Sinto-me enojado até em ter que discutir o tema. E mais indignado ainda fico ao saber que a direção da instituição resolveu expulsar a aluna! Espero que a estudante humilhada entre na Justiça contra a universidade e consiga um gorda indenização.
Tenho vontade de chamar os alunos da Unibam que humilharam a estudante de “filhos da puta”, mesmo qualificativo que gostaria de dirigir à direção da instituição. Mas não o faço, primeiro, porque as putas também têm sua dignidade, como todos os seres humanos, e merecem respeito. Em segundo lugar, porque as mães não podem pagar pelos pecados dos filhos.
O que mais me espanta é a terrível possibilidade que se pode vislumbrar a partir de um fato como esse: será que corremos o risco de caminhar para uma sociedade repressora dirigida por fanáticos, como acontece hoje em vários países do Oriente? Será que o Brasil pode tornar-se uma república fudamentalista por obra e (des)graça de grupos religiosos e/ou moralistas fanáticos?
Enade: prova muito mal elaborada
Perdi boa parte de minha tarde de domingo fazendo a prova do Enade - e saí com raiva. Não pela existência da prova, que acho boa e necessária - acredito que o atual Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (Sinaes) é bem pensado e interessante, embora mereça alguns aperfeiçoamentos importantes.
O motivo de minha raiva foi a baixíssima qualidade da prova. A quantidade de erros de português nas questões era incrível. A escolha dos textos de apoio, em alguns casos, era completamente infeliz. Vários enunciados eram mal elaborados e confusos.
Um exemplo de cabeça, pois não esperei o tempo mínimo para sair com o caderno de prova: o enunciado de uma questão criava um país hipotético (“um determinado país”) onde um empresário denunciara seu sócio estrangeiro, com base em inverdades, na esperança de que com isso o sócio perdesse “o visto brasileiro” e ele pudesse então apoderar-se da empresa. Quem elaborou a questão, pelo jeito, não a releu, ninguém revisou. Se o fato se dá num “determinado país” que não é o Brasil, de que interessa o visto brasileiro?
O motivo de minha raiva foi a baixíssima qualidade da prova. A quantidade de erros de português nas questões era incrível. A escolha dos textos de apoio, em alguns casos, era completamente infeliz. Vários enunciados eram mal elaborados e confusos.
Um exemplo de cabeça, pois não esperei o tempo mínimo para sair com o caderno de prova: o enunciado de uma questão criava um país hipotético (“um determinado país”) onde um empresário denunciara seu sócio estrangeiro, com base em inverdades, na esperança de que com isso o sócio perdesse “o visto brasileiro” e ele pudesse então apoderar-se da empresa. Quem elaborou a questão, pelo jeito, não a releu, ninguém revisou. Se o fato se dá num “determinado país” que não é o Brasil, de que interessa o visto brasileiro?
“Pontos corridos”
Está novamente em discussão se o Campeonato Brasileiro de Futebol deve continuar a ser disputado no sistema de “pontos corridos”, em dois turnos, ou se deveria voltar a ter uma fase classificatória para uma segunda fase, com disputa eliminatória.
Para mim, parece claro que o sistema atual é muito melhor. Os adversários dos “pontos corridos” alegam sobretudo uma suposta “falta de emoção”, pela possível definição antecipada do campeão. A realidade tem mostrado que isso não acontece. Veja-se o atual campeonato, que tem tido uma disputa emocionante pelo título, pelas vagas para a Copa Libertadores e pela fuga do rebaixamento. As últimas rodadas têm tido jogos fantásticos, como o recente Cruzeiro e Fluminense, por exemplo.
Outra alegação dos defensores do sistema de finais eliminatórias é que ele aumenta a chance dos times menores. Bem, aí, “o buraco é mais embaixo”. Não consigo entender como os clubes, donos do espetáculo, aceitam as regras absurdas de divisão de verbas no campeonato. Claro que a TV tem interesse na maior audiência e, por isso, tende a pagar mais para os clubes que têm maior torcida. Entretanto, eles não jogam sozinhos... Os adversários também fazem o espetáculo e precisam receber uma justa divisão.
A TV alega que a audiência do futebol vem caindo. Acredito que isso se deva a dois fatores: o excesso de oferta - já que todos os jogos são transmitidos atualmente em pay-per-view, TV fechada ou TV aberta - e a má escolha dos jogos a serem transmitidos pela TV aberta - embora, quanto a este ponto, eu não tenha dados concretos, apenas uma intuição. Um exemplo: no dia em que houve um eletrizante São Paulo x Internacional, jogo de times que lutavam pelo título, a TV resolveu transmitir Vitória x Corinthians, jogo de times que nada mais tinham a esperar do campeonato. Será que a torcida corintiana é assim tão grande que atrai mais audiência do que todos os interessados em futebol? Não sei...
Para mim, parece claro que o sistema atual é muito melhor. Os adversários dos “pontos corridos” alegam sobretudo uma suposta “falta de emoção”, pela possível definição antecipada do campeão. A realidade tem mostrado que isso não acontece. Veja-se o atual campeonato, que tem tido uma disputa emocionante pelo título, pelas vagas para a Copa Libertadores e pela fuga do rebaixamento. As últimas rodadas têm tido jogos fantásticos, como o recente Cruzeiro e Fluminense, por exemplo.
Outra alegação dos defensores do sistema de finais eliminatórias é que ele aumenta a chance dos times menores. Bem, aí, “o buraco é mais embaixo”. Não consigo entender como os clubes, donos do espetáculo, aceitam as regras absurdas de divisão de verbas no campeonato. Claro que a TV tem interesse na maior audiência e, por isso, tende a pagar mais para os clubes que têm maior torcida. Entretanto, eles não jogam sozinhos... Os adversários também fazem o espetáculo e precisam receber uma justa divisão.
A TV alega que a audiência do futebol vem caindo. Acredito que isso se deva a dois fatores: o excesso de oferta - já que todos os jogos são transmitidos atualmente em pay-per-view, TV fechada ou TV aberta - e a má escolha dos jogos a serem transmitidos pela TV aberta - embora, quanto a este ponto, eu não tenha dados concretos, apenas uma intuição. Um exemplo: no dia em que houve um eletrizante São Paulo x Internacional, jogo de times que lutavam pelo título, a TV resolveu transmitir Vitória x Corinthians, jogo de times que nada mais tinham a esperar do campeonato. Será que a torcida corintiana é assim tão grande que atrai mais audiência do que todos os interessados em futebol? Não sei...
Sunday, November 01, 2009
Jornal cada vez mais velho
Não estou entre aqueles que acreditam no fim do impresso. Nenhum veículo novo acabou com seus antecessores, sempre houve uma adaptação. Os jornais impressos diários terão que encontrar o caminho para sobreviverem, e encontrarão. Precisam adaptar-se, porque vêm perdendo terreno para os veículos eletrônicos. Um sintoma é a sensação cada vez maior de que o jornal já nasce velho.
Na tarde de ontem, sábado, a Gazeta do Povo de domingo estava à venda nas ruas. Sempre que um jornaleiro me oferece numa esquina o jornal do dia seguinte, tenho vontade de perguntar se a edição já tem o resultado do jogo do Atlético (ontem, o jogo seria às 18h30min, e o jornal estava nas ruas bem antes). Claro que não faço isso, porque o pobre do jornaleiro não tem nada a ver com o problema do jornal.
Bem, hoje de manhã (domingo), peguei o jornal e, na página de esportes, fui conferir qual tinha sido o resultado do jogo do Paraná contra o ABC. A capa do caderno de esportes tinha uma chamada: “Na internet - Veja como foi ABC x Paraná, a partida em que Roberto Cavalo defendia sua invencibilidade como visitante”. O jornal pressupõe que o leitor seja internauta - então, por que ler o jornal?
Fico insatisfeito, mas compreendo. Noutros tempos, um jornalista ficava de plantão apenas para preencher o espaço previamente destinado ao relato do jogo noturno. Claro que isso atrasa a impressão, exigindo funcionários na gráfica até mais tarde, e provavelmente a equação financeira resulta na conveniência maior de não colocar a matéria. Antigamente, como o jornal impresso era a principal fonte de informação do leitor, valia a pena. Hoje, provavelmente não, e o jornal remete o leitor à versão eletrônica. Enfim, são as condições dos novos tempos...
Na tarde de ontem, sábado, a Gazeta do Povo de domingo estava à venda nas ruas. Sempre que um jornaleiro me oferece numa esquina o jornal do dia seguinte, tenho vontade de perguntar se a edição já tem o resultado do jogo do Atlético (ontem, o jogo seria às 18h30min, e o jornal estava nas ruas bem antes). Claro que não faço isso, porque o pobre do jornaleiro não tem nada a ver com o problema do jornal.
Bem, hoje de manhã (domingo), peguei o jornal e, na página de esportes, fui conferir qual tinha sido o resultado do jogo do Paraná contra o ABC. A capa do caderno de esportes tinha uma chamada: “Na internet - Veja como foi ABC x Paraná, a partida em que Roberto Cavalo defendia sua invencibilidade como visitante”. O jornal pressupõe que o leitor seja internauta - então, por que ler o jornal?
Fico insatisfeito, mas compreendo. Noutros tempos, um jornalista ficava de plantão apenas para preencher o espaço previamente destinado ao relato do jogo noturno. Claro que isso atrasa a impressão, exigindo funcionários na gráfica até mais tarde, e provavelmente a equação financeira resulta na conveniência maior de não colocar a matéria. Antigamente, como o jornal impresso era a principal fonte de informação do leitor, valia a pena. Hoje, provavelmente não, e o jornal remete o leitor à versão eletrônica. Enfim, são as condições dos novos tempos...
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