Wednesday, December 21, 2011

Por que amo alguém?

Quando amo uma pessoa, não a amo por achá-la perfeita. Nem porque ela é agradável para mim ou porque gosta das mesmas coisas que eu, ou por se parecer comigo ou pensar igual a mim. Amo porque acho amável. Amo porque acredito que ela merece meu amor. E merece quer goste de mim ou não, aprecie as mesmas coisas que eu ou não, se pareça comigo ou não. É até possível que eu ame mais ainda quanto mais diferente for de mim, porque assim poderei admirar nela aquilo que não tenho, valorizar nela o que não sou e que a faz ser como é, diferente de mim. Se a pessoa tem bom caráter, se tem qualidades apreciáveis, será digna de meu amor, independentemente do que pense de mim. Meu amor não impõe condições relacionadas a vantagens ou benefícios que a pessoa amada me possa trazer. A única condição é que a pessoa seja digna e merecedora do meu amor. E há um caso até em que não há condição alguma: o amor paterno. Amo meu filho independentemente de qualquer coisa que ele faça, e creio que continuaria a amá-lo mesmo que ele fosse um criminoso (felizmente, ele é completamente merecedor do meu amor!). Também há na minha história quem terá sempre meu amor, por mais que um de nós mude, porque a história não se apaga, o passado não se transforma, e o papel importante que alguém teve na minha vida nunca será extinto ou esquecido.

3 comments:

eriel said...

então, por que as pessoas não entendem o trabalho que faço com os presos? também são gente e têm pais e mães que os amam incondicionalmente e sofrem por verem o filho vivendo em condições de indignidade, sub-humanas, degradantes. Eu mesmo respondo: por hipocrisia, como sempre. "A lei penal é boa de ser aplicada aos outros, não a nós ou a quem amamos". Esclareço ser presidente da entidade comunitária que cuida dos presos de nossa cidade (Cambará).

Tomás Barreiros said...

Ah, isso dá um bom debate! Infelizmente, muitas pessoas pensam que a pena privativa de liberdade tem que carregar consigo a degradação do apenado. Pessoas que reclamam de "privilégios" dos aprisionados, como boa comida, televisão, internet etc. Queixas absurdas! A pena é privativa de liberdade e não de todo o resto, muito menos da dignidade, que é o que acontece em quase todas as prisões brasileiras...
Quanto ao amor, divido-o em quatro categorias: 1) o amor "comum", de pessoas que amam alguém que lhes traz prazer ou benefício; 2 e 3) os dois tipos de amor que descrevi no texto deste post; 4) o amor dos santos, que amam sem qualquer condição mesmo quem "não merece". É amor de gente que faz o que você faz.

eriel said...

nossa, obrigado, acho que não chega a tanto, se pensar que eu sou uma parte do todo - e se o todo for bem, a parte também vai... grato