Wednesday, March 31, 2010

Pobre língua... [2]

A turma da Gazeta do Povo, principal jornal do Paraná, está precisando de uma revisão sobre crase. Aliás, nunca entendi a dificuldade que tantas pessoas têm em relação ao uso da crase, que é tão tão tão simples: indica o encontro de duas letras “a” (a primeira, preposição; a segunda, quase sempre, artigo). E pronto, simples assim! Será que o problema está em identificar preposição e artigo? Enfim, não entendo...

Lá vão dois deslizes, ambos em títulos:

Button compara 1ª corrida à procissão (23/03)

Empresário de Curitiba pede perdão à Cuba pela fala de Lula (20/03)

Outra questão que me dói nos ouvidos são os neologismos que, em vez de contribuírem com o enriquecimento da língua, apresentando vocábulos novos que não tinham equivalentes, são, ao contrário, um empobrecimento, por substituírem palavras já existentes por outras de gosto duvidoso ou simplesmente trocarem uma palavra específica por uma genérica. Os exemplos:

“Listagem” no lugar de lista.

“Poeta” no lugar de poetisa.

Isso sem falar na abolição quase completa da palavra presidenta, justo quando tem havido mais mulheres na presidência de países importantes. Pelo andar da carruagem, logo será aceito o uso de “maestra” no lugar de maestrina e “música” no de musicista...

Alguém poderia alegar, nos exemplos que envolvem definição de gênero, que se trata de uma evolução ideológica, graças à boa e necessária igualdade entre os sexos. Se fosse isso, por que então o vocábulo genérico adotado é sempre o masculino? A meu ver, parece, bem ao contrário, uma concessão ao machismo.

2 comments:

eriel said...

Alguém, de boa-fé, um dia inventou o "macete" de que haveria crase se você conseguisse substituir o "a" por "para" e a frase ficasse "certa". Daí essa confusão de quem quer escrever num jornal sem saber o que é escrever e, provavelmente, o que é um jornal.

Tomás Barreiros said...

Na verdade, o macete é trocar "a" por "para a", exatamente para verificar se estão presentes a preposição e o artigo. Em geral, o macete funciona (veja que nos dois títulos da Gazeta o "para a" não cabe), mas o melhor mesmo é entender o que é crase.