Tenho uma opinião particular sobre o jornalismo esportivo feito hoje no Brasil: é muito pouco de jornalismo e quase tudo de entretenimento. Jornalismo é novidade – máxima que parece não valer no “jornalismo” esportivo.
Em Curitiba, o programa esportivo de maior audiência no rádio apresenta-se como jornalístico, mas é muito mais um humorístico. No time que faz o programa já apareceu de tudo: um office-boy, um mendigo, um ET, um mosquito e até o fantasma do Michael Jackson. As transmissões de jogos na emissora são divertidas, tão divertidas que às vezes o narrador e seu séquito de personagens se esquecem do jogo...
Outra rádio de grande audiência, com aparência muito mais séria, tem dois horários dedicados a programas esportivos locais. Que quase nunca apresentam nada, mas nada mesmo de novo. Só aquele blá-blá-blá de opiniões sobre o jogo que passou ou sobre aquele que virá. Um jornalista informa, relata fatos. Já nesses programas, os radialistas (não vou chamá-los de jornalistas, porque não o são) usam muito o “eu acho”, “me parece que”... e muito frequentemente não sabem passar informações básicas para o ouvinte.
Nessa pobreza informativa, um repórter (ex-jogador que virou profissional do rádio) chegou a anunciar como notícia de “primeiríssima mão” a informação de que o Atlético Paranaense contrataria o auxiliar técnico Leandro Niehues (que estava no Corinthians-PR). Uma rádio concorrente já tinha dado a notícia na véspera... O mesmo repórter, falando ao vivo, inventou dois novos participantes do Campeonato Brasileiro: anunciou que o Coritiba jogaria “contra o Cascavel” (o jogo, na verdade, seria contra o Santos, na cidade de Cascavel, pois o Coritiba perdera o mando do jogo) e trocou o Paraná Clube pelo Paranavaí.
Fazer jornalismo é difícil. Fazer bom jornalismo, mais ainda. Fazer bom jornalismo ao vivo, então, é tarefa árdua, que deveria ser deixada para jornalistas de verdade. Talvez (eu disse “talvez”) a pobreza do jornalismo esportivo se deva a ele não ser feito majoritariamente por jornalistas, mas por “radialistas”. Não quero insinuar com isso que não haja ótimos radialistas, longe disso. Há, inclusive no jornalismo esportivo, mas são exceção.
Tuesday, August 04, 2009
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment