Tuesday, October 14, 2008

A morte do cujo

O cujo está morrendo. Para os apreciadores da Língua Portuguesa, um motivo de tristeza. Está caminhando gradativamente rumo à extinção o uso dessa palavrinha cuja aplicação é tão útil e específica. Todo mundo já deve ter lido ou ouvido frases mais ou menos assim: "... uma pessoa de quem ela não sabia o nome..." no lugar de "... uma pessoa cujo nome ela não sabia ...".

No dia-a-dia da mídia, o assassinato do cujo é evidente. Um exemplo extraído das páginas de um diário: "... a eficiência do panfleteiro é medida pelo número de ligações para o telefone do qual é responsável pela divulgação." Não ficaria bem melhor com o uso do pronome moribundo? Vejamos: "... a eficiência do panfleteiro é medida pelo número de ligações para o telefone por cuja divulgação é responsável." É outra sonoridade!

4 comments:

Anonymous said...

Isso me faz lembrar um texto meu, mesmo, cuja (olha ele aí!) frase principal era "Eu tinha uma tia que eu morava com ela"; obviamente, com a intenção de ridicularizar o desconhecimento da língua pátria, naquele contexto.
E fico um pouco mais entristecido a cada mudança ortográfica que fazem nossos mandatários, derrubando o trema e outros amigos de infância... Logo, logo, estaremos escrevendo a linguagem da internet... "Vc tbm naum axa?" :)

Janus said...

Pra falar a verdade, sempre achei meio feio o dito cujo. Feio, mas - e aí concordo com você - insubstituível. Não me pergunte por que acho feio, provavelmente não tenha uma boa explicação. Deve ser a sonoridade.

Por outro lado, para os advogados, o título do seu post (como se escreve 'post' em bom português?) é uma redundância, já que para eles o 'de cujus' é, por definição, o falecido. Vem da a expressão latina de cujus sucessione agitur, ou seja, "de cuja sucessão se trata".

Rafael Urban said...
This comment has been removed by the author.
Rafael Urban said...

Caro Tomás,
não conhecia o teu blog.

Concordo com o comentarista aí de cima: cujo é feio para chuchu. Mas você está certo: ele está mesmo desaparecendo. Você está certo duas vezes: ele realmente tem uma função importante. Tentei pensar em um neologismo para substitui-lo. Nenhum me agradou. Pensei em jaja/jajo, gaja/gajo, quequa/quequo.

Saludos,
Rafael